“Juntas somos mais fortes”: a luta das mulheres pontagrossenses

Ana Luisa Vaghetti e Jaqueline Andriolli

 

Foto: Matheus Rolim

No dia 8 de março, um ato de luta e resistência tomou conta da Praça dos Polacos, no centro de Ponta Grossa, distante cerca de 100km da capital Curitiba. A tarde teve início com a concentração das representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná (APP – Sindicato Ponta Grossa), seguida de declamação de poemas e apresentação do Coral Canta APP, que atua há doze anos na cidade. “É dia de sair de casa, dia da mulher ocupar o lugar que sempre foi dela, dia de lutar e estar nas ruas”, afirma a aposentada de 66 anos e integrante do Coral, Maria Begair Ciqueira.

O grupo Sororidade Minas PG organizou uma Marcha das Mulheres, no final da tarde, que seguiu da praça em direção ao terminal central da cidade. O ato foi marcado por gritos de luta, cartazes e músicas feministas. A manifestação contou com mulheres de diversas idades e representantes de mais de 19 entidades e organizações do município. “Eu luto para alcançar a igualdade, ser o que eu quero ser e não o que a sociedade impõe para mim ou espera que eu seja”, defende a estudante de 15 anos e representante do coletivo Kizomba, Giulia Paolla.

A origem do Dia Internacional da Mulher está relacionada com a luta de mulheres para melhores condições de trabalho, no fim século 19. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários baixos levaram as mulheres de vários países a reivindicar melhores condições e o fim do trabalho infantil na época.

Foto: Matheus Rolim

O marco para as lutas femininas foi o incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York, em 1911, onde cerca de 130 operárias morreram. Mas foi só a partir dos anos 1960 que a data 8 de março passou a ser escolhida para os protestos a favor da igualdade de gênero. No Brasil, a data também foi representada por protestos durante a Ditadura Militar de 1964. Até que em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Em Ponta Grossa, a primeira Marcha de Mulheres no dia 8 de março aconteceu em 2017. No ano passado, a marcha foi organizada pelo evento 5º Colóquio Mulher e Sociedade, promovido pelo Grupo de Jornalismo e Gênero, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e por trabalhadoras rurais pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Como mulher do MST, a luta é contra o machismo e com a sociedade externa, que vê a mulher do movimento como masculinizada e que não tem amor na família, eles não conseguem traduzir a mulher de força. É uma luta por educação, por inclusão, respeito e igualdade”, afirma a representante do MST, de 36 anos, Adriana Prestes.

Foto: Erica Fernanda

Representantes de entidades da cidade também estão na luta para implantar legalmente um Conselho Municipal que defenda os direitos das mulheres. Inativo desde 2007, o Conselho ainda não está estruturado conforme as leis municipais. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Roselia Ribeiro, explica que um projeto de lei já foi elaborado para oficializar o decreto que permite a atuação do Conselho em Ponta Grossa. “Nosso objetivo é cobrar e lutar pelos direitos das mulheres, queremos um trabalho em conjunto, pois só alcançamos o empoderamento da mulher a partir da luta coletiva”, destaca Roselia.

* Produção compartilhada com o Portal Catarinas (http://catarinas.info/ e https://www.facebook.com/portalcatarinas/ ), que realizou uma cobertura colaborativa de abrangência nacional do dia 8 de março de 2018.

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