Aleff Cristian Francisco, 28 anos, é um dos fundadores do grupo de drag queens Jambalaya. A sua drag Humakik é uma mulher forte, poderosa e divertida. Aleff conta confiante como foi sua trajetória sendo um homossexual de gênero fluido e todos os desafios que passou desde sua infância. Desde pequeno, ele sentiu o peso do preconceito de sua família em relação à sua sexualidade. Esse preconceito, mesmo que de forma velada, foi intensificado pela religião católica que sua família segue. “Por sermos uma família católica existia toda uma pressão e isso me aprisionou. Eu nunca fui diferente de quem eu sou, mas não tocava no assunto e não tinha essa liberdade de falar sobre as minhas experiências, minhas frustrações, medos e curiosidades”, desabafa.
Ainda quando criança, Allef Francisco relata que não teve com quem conversar a respeito da descoberta de sua sexualidade. Isso fez com que buscasse informações em veículos errados, o que acabou dificultando a sua própria descoberta pessoal. Aos 20 anos ele contou para a família. “Além do peso que me saiu por não sentir que eu escondia alguma coisa, eu fui de certa forma bem acolhido, não tive nenhum problema familiar em relação a minha sexualidade. Isso é um privilégio dentro de nossa comunidade”, destaca.
Essa trajetória, fez com que Aleff ajudasse outras pessoas a se descobrirem “Me despertou a vontade de falar mais sobre o assunto e tentar ajudar e inspirar outras pessoas a se libertarem e criarem essa independência emocional, sem o peso de ser uma vergonha ou carregar isso como um problema”. Ele foi um dos fundadores do Jambalaya, grupo de drag queens que tem como princípio acolher todos aqueles que buscam ajuda. Também participou da comissão organizadora da Parada Cultural LGBTQIA+ dos Campos Gerais durante dois anos e meio.
Para Aleff, as pessoas da comunidade LGBTI+ carregam desde crianças o medo do preconceito da sociedade enraizado dentro de si. Contudo explica que este medo pode ser combatido, principalmente por meio da educação. “O preconceito é algo ensinado, então se conscientizarmos a nova geração ela não gerará mais preconceito”.
Por: Ester Roloff com edição de Alex Dolgan