Evento destaca necessidade de enfrentamento do assédio no jornalismo

Painel realizado no dia 8 de março contou com a participação das jornalistas Aline Rios, Bianca Machado e Paula Melani Rocha

 Na última sexta-feira (08), Dia Internacional da Mulher, aconteceu no campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) o painel Chega de Assédio no Jornalismo, com a participação das jornalistas Aline Rios, diretora do Sindicato dos Jornalistas do Paraná (SindiJor), Bianca Machado, formada pela UEPG em 2015, e Paula Melani Rocha, professora do curso de Jornalismo da UEPG e pesquisadora da área de gênero.

   O evento teve início com a exposição da Aline, que abordou os assédios enfrentados por jornalistas no ambiente de trabalho e o sentimento de culpa pela violência sofrida a partir de registros da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). “Quando falamos que é preciso encaminhar as medidas do assédio ocorrido as mulheres ficam com medo de falar com autoridades e às vezes a gente não consegue a todo tempo garantir esse sigilo, então demanda exposição, infelizmente isso faz com que elas repensem se querem mesmo denunciar o caso sofrido”, relata.

   A segunda fala do painel foi com a jornalista Bianca, que relatou ter sofrido seu primeiro assédio enquanto atuava como assessora de imprensa durante um jogo do Campeonato Paranaense da segunda divisão na cidade de Irati em que o Operário FC foi vencedor. Enquanto organizava a coletiva de imprensa, alguns torcedores homens começaram a xingá-la e a proferir palavras de cunho sexual. “Eles começaram a me xingar pelo o nome e por ser mulher sempre tem que ter um xingamento, um palavrão ali de cunho sexual. Então aquilo realmente foi algo que mexeu comigo e mesmo assim a gente continuou fazendo a coletiva ali enquanto eles me xingavam e a minha única reação na hora foi começar a filmar a situação; na ocasião tinha autoridades, mas ninguém fez nada”. Após o episódio, a jornalista denunciou o caso e se envolveu em campanhas de combate ao assédio no jornalismo, com destaque para a área esportiva.

   E para fechar o painel, a professora Paula apresentou resultados de pesquisa recente realizada sobre traumas no jornalismo, em que se destaca a violência de gênero sofrida por jornalistas no Brasil. Os dados e as entrevistas mostram que, nos casos de violência sofrida por jornalistas, em sua maioria ou autores são os próprios colegas de trabalho e as suas chefias, embora também sejam registrados assédios de fontes. A professora observa que desde o governo Bolsonaro e durante a pandemia o tipo de assédio que tem aumentado cada vez mais é o virtual, que também deve ser visto como uma violência contra as profissionais.

   Após o término do painel aconteceu um debate envolvendo estudantes de jornalismo de todas as séries, professoras e convidadas. Outras atividades de combate ao assédio no jornalismo devem acontecer ao longo do ano, em sintonia com a campanha realizada pela FENAJ e sindicatos.

O evento foi promovido pelo projeto de extensão Elos – Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã e pelo grupo de pesquisa Jornalismo e Gênero, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas do Paraná e a Frente Feminista de Ponta Grossa.  

 

   

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