Em busca de um jornalismo interseccional e inclusivo

Projeto de extensão da Universidade Federal do Mato Grosso investe em um jornalismo antirracista e feminista

 

Jornalismo Feminista e Antirracista: vivências na extensão foi o tema do debate ministrado pela professora de Comunicação Social na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Tamires Coêlho aos estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A professora defende que o jornalismo deve ser feito de forma diferente e que há uma grande dificuldade no meio jornalístico em ouvir e dar voz aos segmentos minorizados. “Todos têm voz, a dificuldade é ser escutado pela mídia”, diz a jornalista, professora e pesquisadora.

O debate abordou como a disciplina de Extensão em Jornalismo funciona no curso da UFMT e as dificuldades em dar visibilidade às pessoas negras, LGBTQIAPN+, indígenas, mulheres e trabalhadores informais na mídia. 

Para trabalhar a inclusão na formação de estudantes de jornalismo, a professora coordena o projeto de extensão Pauta Gênero, ou Observatório de Comunicação e Desigualdades de Gênero, que busca abordar esse potencial transformador da imprensa. “Fazer um jornalismo antirracista e feminista, fugindo da misoginia e machismo, é possível”, garante Tamires. 

O projeto Pauta Gênero tem o objetivo de defender os Direitos Humanos e lutar pela perspectiva interseccional dentro da sociedade, a partir de produções de notícias e reportagens, análises e do Pautacast, um podcast voltado à crítica dos meios de comunicação para a reflexão das desigualdades. O canal do projeto publicou três episódios em homenagem ao Dia da Mulher.

Tamires também critica o papel da mulher na sociedade e no jornalismo. Ela assegura que a mulher é pressionada desde o nascimento a seguir um “modelo de vida” imposto pela sociedade. Para a professora que pesquisa sobre estudos de jornalismo, gênero e interseccionalidades, a mulher é sempre idealizada como dona de casa, mãe e dedicada totalmente aos filhos e marido, sempre priorizando a vida e bem-estar de sua família, nunca o próprio futuro e a profissão.

O projeto de extensão inspirou a criação do projeto de pesquisa Comunicação, Gênero e Mídia, que opera desde 2021 e atua junto às escolas de Cuiabá. Uma das suas frentes de ações é a apresentação de discussões e  oficinas sobre desinformação, gênero e sexualidade realizadas em escolas para estudantes do Ensino Médio, baseadas nas observações do Pauta Gênero. Por meio de análises e pesquisas, debateram com estudantes sobre fake news na política e a relação delas com o estudo sexual e de gênero nas escolas.

Tamires conta que, para tornar a visita nas escolas possível, ela e os participantes do projeto de pesquisa se centraram na abordagem de produção de fake news. Transparecendo que ainda há dificuldade em abordar temas interseccionais em escolas e universidades e evidenciando os preconceitos enraizados na sociedade brasileira até hoje, assim como afirma a professora.

O debate na UEPG ocorreu na quarta-feira (08) à tarde, na sala D-110 do Campus Central. Para conhecer mais sobre o projeto acesse: Linktree do Pauta Gênero.

 

Por João Pimentel

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