Novo Ensino Médio impacta no desempenho estudantil dos alunos

 

Diferenças entre estudantes de escolas públicas e privadas são ressaltadas com as mudanças.

O Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017 e implementado nas escolas de maneira gradual. Em 2022, na 1ª série, em 2023, na 1ª e na 2ª série, e em 2024 em todas as séries do ensino médio. Porém, o Governo Federal já afirmou que o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, só se adaptará ao novo sistema em 2027. O Enem é usado como critério de seleção para quem pretende ingressar em universidades públicas, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em faculdades particulares, concorrer a uma bolsa do Programa Universidade para Todos (Prouni), e ter acesso ao Financiamento Estudantil (Fies). Além disso, diversas faculdades utilizam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular.

A estudante do último ano, Sabrina Moraes Senenke, está inserida no novo ensino médio. Ela estuda em um colégio estadual civil-cívico de Ponta Grossa, e escolheu a grade curricular de Exatas. Sabrina deixou de estudar matérias como Geografia, História, Filosofia, Sociologia e Inglês, por conta da grade escolhida. Foram adicionadas disciplinas novas como Robótica, mas a estudante relata que o governo não oferece material para todos e isso afeta o desempenho das aulas. “A química do terceiro ano é focada 100% em agricultura, tecidos e reciclagem, as matérias em geral são uma “propaganda governamental”, expõe Sabrina.

Em relação ao Enem, Sabrina conta que está preocupada com seu desempenho, pois teve que estudar muitos dos conteúdos por conta própria. “O ensino não está fornecendo conteúdo adequado para qualquer prova, ainda mais o Enem”, reclama. Com firmeza, a estudante ressalta que se pudesse, voltaria ao antigo sistema. “O novo ensino médio é uma barreira gigante que colocaram que está atrapalhando os alunos das escolas públicas”, finaliza.

Outra estudante do último ano, Letícia Schastai Sampaio, também estuda dentro das normas do novo ensino médio. Ela, porém, frequenta um colégio particular da cidade. Ao escolher uma grade para seguir, a aluna conta que não houve um decréscimo de matérias, apenas disciplinas específicas foram adicionadas. “As matérias extras são sem utilidade, tomam espaço que poderia ser de estudo”, afirma.

Diante das diferenças adotadas pelas escolas públicas e particulares em relação ao novo ensino médio, o professor do Departamento de Letras da UEPG, Paulo Rogério de Almeida, entende que o novo sistema é um retrocesso. “Já existia a desigualdade entre escola pública e particular, mas a tendência é que essa disparidade aumente”, lamenta. Questões como ter menos disciplinas, falta de professores e aulas interrompidas pelas greves são problemas frequentes nas escolas públicas, o que dificulta ainda mais os estudos. “Noto um retrocesso nas políticas públicas em todos os sentidos, então algo precisa ser feito para dar mais apoio aos alunos que cursam o ensino médio”, declara o professor. Com relação ao ingresso em universidades, Almeida entende que para serem aprovados, os estudantes de escolas públicas terão que ter uma dedicação ainda maior.

Em 2024, o Enem será realizado nos dias 3 e 10 de novembro. As inscrições para participar do exame vão até amanhã, dia 14, e podem ser feitas na Página do Participante. É necessário inserir o CPF e possuir uma conta no Portal do Governo Federal para realizar a inscrição. 

 

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