“Para o bem da humanidade, o regime sionista deve ser enterrado”, afirma Breno Altman

 

Em evento realizado na UEPG, o jornalista explicou como o sionismo se tornou uma ideologia racista que promoveu o regime de apartheid contra os palestinos.

Cartazes nos corredores da UEPG denunciam a limpeza étnica feita por Israel Foto: Pietra Gasparini

O  livro “Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista”,  do jornalista fundador do portal Opera Mundi, Breno Altman, nasce no contexto do genocídio promovido pelo estado de Israel contra a Palestina. A obra, que teve seu lançamento no Grande Auditório da UEPG no dia 28 de maio, mostra  as diferenças entre o judaísmo e o sionismo e explica como o sionismo se tornou uma ideologia racista que promoveu o regime de apartheid contra os palestinos. O evento também trouxe o debate sobre a questão Palestina e Israel e teve a participação dos convidados Ualid Rabah, presidente da Federação Palestina no Brasil (FEPAL), e a mediação do professor Luis Fernando Cerri, vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da UEPG e organizador do evento.

Breno Altmann em sua apresentação, ao lado do professor Luís Fernando Cerri Foto: Natalia Almeida

Altmann afirma que não é possível entender a história e a natureza de Israel e sua relação com o povo palestino sem levar em conta a doutrina que rege seus passos. O sionismo é essa doutrina. Ele explica que a corrente políticia ideológica criada em 1892, pelo jornalista hungáro Theodor Herzl, tem como objetivo a criação de um país que abrigue o povo judeu, baseando-se na história milenar de perseguições Mesmo com origem comum, a dispersão dos judeus ao longo dos séculos fez com que eles se diferenciassem bastante, não sendo possível defini-los como uma nacionalidade, tampouco como seguidores de alguma religião, pois os judeus possuem diversas nacionalidades e religiões e não são um grupo homogêneo.

De acordo com Altman, pode-se dizer que os judeus são povos de uma origem religiosa muito antiga, que viriam a se organizar em vários núcleos etnico culturais, com valores e tradições semelhantes. São semitas, isto é, tem como principal conjunto linguístico os idiomas semíticos, como o árabe e o hebraico. Os judeus não eram uma nacionalidade sem territórios ou dominada por estados coloniais, mas uma etnia diversa que o sionismo iria agrupar sob um discurso de libertação nacional. O lema dos sionistas era “Uma terra sem povo para um povo sem terra’’, ou seja, a proposta do regime era a criação de um estado judeu na Palestina, sobre a supremacia de uma etnia e não de uma nacionalidade. “Uma solução racista para um problema racista”, resume Breno Altman ao definir a corrente que determina o estado de Israel.

Breno Altman é jornalista e fundador do portal Opera Mundi, onde escreve e apresenta os programas Outubro e 20 Minutos. Foto: Pietra Gasparini

Com a justificativa de voltar para a sua terra, os sionistas invadiram a Palestina, que era inteiramente ocupada pelos árabes. Desde então, a Palestina tem vivido uma situação contínua de guerra. O conflito entre Israel e Palestina, que teve início no dia seguinte à criação do Estado de Israel, em 1948, é uma das questões mais complexas da geopolítica atual. Depois desse conflito inicial ocorreram mais  duas guerras nas décadas seguintes, a Guerra dos 7 dias e a Guerra do Yom Kippur, ambas vencidas por Israel.

No entanto, os conflitos não acabam; no dia 7 de outubro de 2023 aconteceu um ataque do Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que invadiu o sul de Israel  lançando uma ofensiva de grande porte contra Israel. Este ataque é um dos piores  das últimas décadas, resultando em tragédia e perda de vidas nos dois lados. O movimento islâmico exigiu que Israel parasse imediatamente a  agressão  em Gaza e os  crimes de  limpeza étnica, mas o pedido não foi atendido. Israel  reagiu ao ataque com diversas ofensivas militares que continuam acontecendo. Segundo  informações trazidas pelo presidente da Federação Palestina no Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, até o dia 28 de maio deste ano, dados oficiais indicavam 36.579 pessoas assassinadas em Gaza, considerando os cerca de 8 e 10 mil desaparecidos. “Estamos falando de 45 a 46 mil exterminados, isso é 2.1% da população de Gaza, o que equivaleria, por exemplo, a 4 milhões de brasileiros, isto em apenas 235 dias”, destaca Rabah. O presidente da FEPAL também  afirma que essa é a maior limpeza étnica da história, e isso é um “resultado natural” do que é o sionismo.

 Além do genocídio, os moradores de Gaza lidam com a escassez de alimentos e de energia elétrica. Segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês), muitas crianças têm somente água salgada para beber. Diante do cenário vivenciado na Palestina, Breno Altmann ressalta como cada pessoa, mesmo que não seja israelense ou palestina, deve reagir para tentar evitar que mais mortes aconteçam.

“Não é apenas uma questão da palestina, é uma questão da raça humana”, afirma Ualid Rabah. Foto: Pietra Gasparini

O ativista afirma que o dever do mundo inteiro é denunciar o estado criminoso de Israel e prestar solidariedade à resistência da Palestina, sem relativiza-lá ou dizer que os dois grupos (Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e Hamas) são igualmente terroristas. “Uma coisa é a violência do opressor, outra é a violência do oprimido, que reage pela violência porque não lhe é dada outra possibilidade”, analisa Altman.

 

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