Projeto “Câmara Jovem” promove o protagonismo estudantil na política pontagrossense

A integração entre os colégios e a Câmara Municipal de Ponta Grossa possibilita que adolescentes tenham uma experiência completa no legislativo da cidade

Em parceria com o programa “Eleitor do futuro”, promovido pela Vara de Infância e Juventude de Ponta Grossa, e Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o projeto “Câmara Jovem” visa inserir os adolescentes de 12 a 16 anos de maneira prática na vida política.

A primeira edição, organizada pela Câmara Municipal de Ponta Grossa, aconteceu em 2023 e contava com apenas sete escolas. Neste ano, 18 escolas passaram a fazer parte da representação do projeto. Dentre elas, quatro são da rede privada e 14 da rede pública de ensino. Além do coordenador do projeto, Afonso Verner e de sua auxiliar Renata Lino, cada participante é apadrinhado pelo gabinete de um vereador, assim, os assessores os acompanham e lhes prestam o auxílio necessário. 

Sobre conscientizar e inserir os jovens na política, Renata afirma: “É de extrema importância, pois o futuro que será usufruído por eles está sendo construído no agora. Então, perceber o interesse deles com a melhoria da cidade e com o bem comum é gratificante e tranquilizador.” Ela ainda destaca a evolução percebida durante o processo. “É evidente uma maturidade sendo construída principalmente com relação aos argumentos dos adolescentes e com a relevância dos assuntos apresentados”.

Renata preza pela independência dos adolescentes mas está sempre disponível para prestar o auxílio necessário. Foto:Lorena Santana

Como é feito o processo de escolha dos representantes até a participação efetiva deles no projeto:

Após o preenchimento de formulário e inscrição prévia por parte das escolas interessadas, o TRE-PR cede uma urna eletrônica para cada colégio para que a votação seja realizada. O processo democrático é realizado desde o princípio. Para concorrer, os alunos defendem suas ideias e convencem seus eleitores em uma espécie de campanha. Tendo decidido seu candidato, há o processo de votação para que os vereadores jovens passem por todo o processo da vida política: desde as eleições, até as sessões. 

O programa tem um ciclo mensal dividido da seguinte maneira: 

A primeira semana é destinada à coleta de demandas. O vereador identifica as necessidades da comunidade e planeja o que pode ser feito em relação a isso. A segunda semana é a de orientações por parte do gabinete que acompanha o vereador mirim. Na terceira semana eles enviam o projeto para os coordenadores, para que sejam feitos os ajustes e correções necessárias. 

Na terça-feira da última semana é realizada a reunião das comissões onde é avaliada a constitucionalidade dos projetos, ou seja, se o projeto está de acordo com a constituição federal. E para finalizar, na quinta-feira, eles realizam a sessão onde ocorrem as votações e discussões em torno dos projetos apresentados. 

Por conta da ausência de autonomia política, os projetos que eles apresentam não podem ser efetivados. Porém, caso algum dos gabinetes tenha interesse por algum projeto, pode acolher a ideia e levar para a votação no parlamento convencional, assim como já ocorreram em vezes anteriores. 

Último estágio do ciclo mensal: a sessão ordinária na Câmara Municipal. Foto: Lorena Santana

Ana Santos, 15 anos, representante do Colégio Estadual Cívico-Militar Professor Colares, relata como se sentiu quando eleita. “Eu me senti um pouco assustada pela responsabilidade que me foi concedida, mas hoje o projeto faz parte de quem eu sou. Tenho muita gratidão pelo programa, ele só veio acrescentar em minha vida.” 

Ela reconhece que dentro da Câmara, enxergou que as cobranças feitas por parte da sociedade para com os vereadores por vezes é injusta. “Lá dentro eu percebi que eles possuem bastante limitações e que muitas coisas cobradas pelo povo não cabe a eles realizar.”, disse.

Durante o projeto, realidades se encontram e laços se formam… Foto: Lorena Santana

A constatação de Ana assegura a afirmação de Renata: “A inserção dos alunos no projeto os afasta da bolha na qual eles estão inseridos e os incentiva a ir ao encontro da realidade do outro e enxergar além das suas próprias convicções.”

LEIA TAMBÉM

COMENTÁRIOS

Deixe uma resposta