Audiovisual como resistência: Festival Araucária enaltece produções nacionais e locais em sua primeira edição

Evento gratuito em Ponta Grossa conta com a exibição de curtas-metragens

Bebel Costalonga e Malu Dip

 

 O Festival Araucária é um evento de audiovisual dedicado à celebração e exaltação das produções cinematográficas dos Campos Gerais. A primeira edição acontece de maneira gratuita e integralmente na cidade de Ponta Grossa no período de 2 a 8 de junho. O evento surgiu a partir do desejo de produtores de audiovisual em promover e incentivar a produção, exibição e circulação de produções na região paranaense. A programação desta primeira edição do festival conta com mostras competitivas, sessões itinerantes em escolas e projetos sociais e oficinas, contribuindo com a educação cultural e artística dos participantes. 

Primeira edição do Festival Araucária acontece no Centro de Cultura de Ponta Grossa. Foto: Malu Dip. 

 Na noite da última quarta-feira (04), aconteceu no Centro de Cultura a primeira mostra de curtas-metragens aberta à comunidade. As mostras Floração e Paulo Gustavo contaram com a exibição de 12 produções de diferentes gêneros, como ficção e documentários que exploraram temas diversos, como o folclore brasileiro, a fome, violência contra a mulher e outros. 

 As obras “Aquela Mulher” e “Raposa”, especificamente, retratam desafios no cotidiano feminino a partir de diferentes perspectivas. O primeiro curta, dirigido por Cristina Lago, é uma ficção ambientada no subúrbio carioca. A narrativa acompanha uma noite na vida de Camila e Cíntia, um casal que administra um restaurante à beira da falência. Enquanto tentam encerrar mais um dia difícil, a chegada inesperada de uma senhora misteriosa interrompe a rotina e desencadeia um clima silencioso e desconfortável entre as personagens. A visitante observa e questiona todas as atitudes de Camila, provocando discussões que se intensificam até o momento em que a energia do local acaba. Em um cenário de suspense, surgem conflitos internos, memórias e fragilidades que destacam as complexidades da identidade e da busca por pertencimento ao tentar conciliar a vida profissional com a pessoal.

 Já “Raposa”, dirigido por Margot Leitão e João Fontenele, é uma narrativa ambientada no interior do Ceará e que traz a parceria entre Raposa, uma mulher muito quieta de comportamento peculiar e considerada louca pela vizinhança, e Lelé, um diarista homossexual recém contratado por uma senhora. Com o passar do tempo, trabalhando ao lado da casa de Raposa, Lelé começa a escutar diariamente gritos vindos da casa dela e resolve tentar uma aproximação para entender o que estava acontecendo. Mesmo sendo criticado pela patroa, que menosprezava a situação, afirmando que a mulher era apenas uma maluca herege, ele persistiu e começou a passar mais tempo com a moça. Ao descobrir que os gritos eram em razão de uma série de abusos sexuais diários, Lelé decidiu tomar uma atitude, e assassinou o abusador. A obra explora de maneira sensível a violência sexual, o isolamento e a marginalização de pessoas na sociedade. 

 De acordo com o site oficial do festival, o evento se consolida como um espaço de resistência no cenário audiovisual e é o primeiro que visa a valorização das produções locais. A programação vai até este domingo e está disponível no site de divulgação. 

 

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