A nova imparcialidade é o analfabetismo do jornalismo, que sabe escrever e ler, mas não o fazer

                                                                                 por Rafael Santos

A Primeira Edição da Parada Cultura LGBT+ nos Campos Gerias ocorreu no dia 25 de novembro e levou mais de mil pessoas nas ruas tão tradicionalistas da cidade de Ponta Grossa. Foi um momento de colorir a cidade, de levar diversidade, amor e respeito às diferenças. A Avenida Vicente Machado nunca esteve tão diversificada quanto no dia 25, onde a rua foi local da marcha.

Embora a Parada Cultural tenha garantido seu espaço de forma brilhante e a comunidade LGBT+ mostrado união em um cenário político que não se mostra defensor da diversidade e liberdade de expressão, o jornalismo local mais uma vez pecou.Falhou na forma como cobriu o momento histórico, em nãomostrar outras faces, que durante anos foram reprimidas pelo preconceito amargo de uma sociedade deturpada.

Pergunto para o jornalismo local que tão pouco mostrou sua eficiência: Cadê o Jornalismo, com reportagens, imagens e entrevistas capazes de traduzir a verdadeira importância de uma Primeira Parada Cultura LGBT+ na cidade de Ponta Grossa? Aonde o Diário dos Campos estava no dia do evento? O jornal cobriu o ato apenas com notas, informando a programação. OPortal aRede, cobriu a parada, mas em formato informativo. Aonde estão as palavras, a capacidade do jornalista em ouvir as fontes, as pessoas que estão nas ruas e não somente as oficiais? A palavra do jornalismo ponta-grossense não desperta reflexão. Faz parte da profissão do jornalista estar no mundo e e instigar debates.

Devemos lutar para que o jornalismo local exerça diversos olhares sobre esses temas na cidade. Atualmente, ele encontra-se nulo em suas palavras. Sentimos falta da pluralidade e polifonia de pessoas nos conteúdos veiculados. Não teve isso na cobertura da Parada Cultural pelos referidos jornais. O jornalismo não trouxe as vozes do evento e está perdendo a sua. A imparcialidade jornalística é uma medida de pesos iguais e nula ao reconhecer os múltiplos lados sobre um fato. É deixar que as vozes apareçam e tenham o mesmo peso. É  ouvindo as pessoas que o jornalismo conta histórias e amplifica a compreensão social. Precisamos de palavras que ajam dentro de nossas matérias, palavras que tragam mudanças e não apenas as que reproduzam desrespeito ou notas informativas.

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