8 de março não é uma data comemorativa!

No dia internacional da mulher, é fundamental a mobilização de toda a sociedade para o verdadeiro significado dessa data. Muito mais que parabéns ou felicitações às mulheres, o 8M representa um dia de luta, dentre muitos outros dias que batalhamos incansavelmente pelo direito de sobreviver e de viver. 

Sobreviver porque somos alvo direto de uma estrutura patriarcal que através do machismo, racismo e lgbt+fobia. Estrutura essa que é dia a dia intensificada pela política do ódio sustentada por Bolsonaro e seus cúmplices. 

O Brasil mata uma mulher a cada 2 horas. É o país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo. A violência contra mulheres com deficiência também é expressiva e cresceu aproximadamente 70% durante a pandemia. E no que se refere a violência obstétrica no geral, 65,9% das vítimas são mulheres negras. 

Desde nossos primeiros segundos no mundo, já somos subjugadas a uma série de opressões. Ditam o que devemos usar, como devemos nos comportar, com quem precisamos nos relacionar. Ditam quais vagas de emprego vamos ocupar, quais padrões do corpo devemos atingir. Não pode ser negra, não pode ser uma mulher com deficiência, não pode ser gorda, não pode decidir expressar-se de outra maneira que não a de mulher cis. Cabelo curto nem pensar, precisa usar roupas apertadas, madeixas arrumadas, maquiagem. Precisa cozinhar bem, não pode ser puta, mas também saber precisa agradar o marido. 

Algumas mulheres já nascem em classes que tornam possível fugir de determinados padrões. Estas, dizem que “meu corpo, minhas regras” é o mote do dia. Saem, bebem, se relacionam com quem bem entendem. Dirigem, trabalham, estudam nas melhores universidades, atingem postos de trabalho “bem sucedido”. No entanto, emplacam uma política individualista ao não compreender que a questão de classe é central no debate sobre a equidade de gênero. Sem a intersecção entre gênero, raça e classe, não teremos unidade para confrontar uma estrutura misógina, capacitista, racista, machista, lgbt+fóbica. 

Essa intersecção é vital para combater e destruir a política de ódio que nos tem como alvos diretos. É preciso unificar o #ForaBolsonaro, mas organizar a luta para derrubar também o bolsonarismo. Não podemos esquecer que esse governo ainda conta com mais de 30% de apoio, mesmo após todas as suas declarações violentas. 

A luta pela derrubada de Bolsonaro é uma luta feminista, anti-imperialista, anticapitalista, democrática, antirracista e anti-LGBT+fóbica. Contra a violência, a fome, a carestia, a violência, por saúde, moradia, por nossos direitos sexuais e reprodutivos. 

Nossa luta é pelo SUS e os serviços públicos e gratuitos. É contra o desemprego e a construção de uma sociedade justa e igualitária. 

Para nós, o #8m é muito mais do que flores e parabenizações. É um dia de reforçar que a auto-organização das mulheres em união com diversos movimentos sociais é a chave para a construção de um mundo sem Bolsonaro e o bolsonarismo.

Jeniffer Dias (integrante da Frente Ampla Democrática (FAD) e professora de História

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