Violência contra jornalistas: um ataque contra toda a sociedade

Liberdade de expressão e acesso à informação: eis aí dois dos direitos fundamentais mais famosos. Garantidos pela Constituição, são aqueles que todo mundo associa diretamente à democracia, têm aquela aura de grandeza. Coisa bonita.

Por isso é perturbador constatar que a liberdade de expressão e o acesso à informação estão sob risco no país. De janeiro a outubro de 2018, só em contexto político-eleitoral, mais de 150 jornalistas sofreram algum tipo de violência enquanto trabalhavam ou por causa do trabalho que fizeram. Os dados são da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

Os tapas, empurrões e ofensas vieram de todos os lados, e não apenas de pessoas públicas, mas de pessoas “comuns”. Mais de um dos agressores justifica sua ação dizendo que – vejam só – estava exercendo sua liberdade de expressão. Para esses, fica a dica: xingar, intimidar, expor o celular ou fotos da família de um(a) jornalista não é simples crítica ao trabalho da imprensa, nem direito de ninguém. É violência.

Há uma relação direta entre essa violência e o perigo para a liberdade de expressão e para o acesso à informação. Quando jornalistas não se sentem seguros para exercer a profissão e acabam censurando a si mesmos, o acesso de todos à informação é prejudicado. Quando jornalistas têm que pensar duas, três vezes antes de publicar uma reportagem por medo do que pode acontecer depois, a liberdade de expressão de todos está em risco.

Uma frase que circulou em redes sociais resume bem as consequências: “Primeiro, vieram atrás dos jornalistas. Depois disso, não soubemos de mais nada do que fizeram”. É uma versão do poema do pastor Martin Niemöller sobre o aumento da repressão na Alemanha nazista. O jornalista britânico Gideon Lichfield a publicou em em 2016, para se referir aos EUA após a eleição de Donald Trump.

Respeitar e defender o trabalho de jornalistas é respeitar e defender os direitos fundamentais de toda a sociedade. Ou seja, é respeitar a si próprio, sua família, sua comunidade.

Marina Iemini Atoji

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