A Organização das Nações Unidas diz que a crise climática é a maior em, pelo menos, uma década. Apesar do aviso e dos relatórios da ONU alertarem para a mudança climática, as emissões de gases de efeito estufa cresceram em média 1,6% ao ano entre 2008 e 2017. Contudo, a falta de preocupação com o meio ambiente, sobretudo, por parte dos governos e como os países não têm atuado para diminuir os efeitos o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3,5º C neste século. “Isso está muito além dos objetivos do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C, ou, pelo menos, bem abaixo de 2 °C. Se este mundo mais quente se concretizar, todas as previsões de impactos climáticos catastróficos se tornarão realidade. Elevação do nível dos mares, eventos climáticos extremos e danos incalculáveis às pessoas, prosperidade e natureza”, é o que conta o relatório da ONU de 22 de setembro (https://www.unenvironment.org/pt-br/noticias-e-reportagens/story/da-decada-perdida-da-acao-climatica-surge-esperanca).
Diante da preocupação climática e ambiental que o planeta vive e agora com um alerta maior se aproximando foi criado o movimento Fridays for Future, que começou depois que a sueca Greta Thunberg protestou em 2018 em frente ao parlamento de seu país, por três semanas para chamar a atenção para a emergência climática. A atitude da garota inspirou outros estudantes do mundo a começarem a organizar seus próprios protestos. Em 2019 consagrou-se uma Greve pelo Clima em âmbito internacional. Aqui na cidade de Ponta Grossa, o movimento chegou na sexta-feira (20) e se estendeu até terça-feira (24), com diversas atividades debatendo a situação do clima no planeta.
Embora o movimento seja global e a cidade tenha mostrado participação em uma causa tão importante para a humanidade, mais uma vez o jornalismo local tratou do assunto de forma superficial. Os dois sites de notícias analisados, Diário dos Campos e Portal Arede, publicaram a mesma notícia factual assinada pela redação. Mais uma vez, o espaço de debate não foi utilizado e o jornalismo ponta-grossense preso a fatos factuais desperdiçou um gancho para debater a situação do clima e do meio ambiente no município. No entanto, não é de admirar a pouca relevância em relação à situação climática, sendo que o próprio Portal Arede tem uma editoria direcionada para o agronegócio e o Diário dos Campos possui as editorias “Safra” e “Agroleite”.
Embora seja uma escolha da linha editorial dos jornais, o interesse público deve prevalecer, assim como a amplitude do fato. O que fica de reflexão é a greve de reportagens que o jornalismo vive, encobrindo-se de factualidade, discursos diretos e jornalismo declaratório.
Por Rafael Santos