A violência é uma questão discutida todos os dias nos noticiários locais, mas e a segurança dos grupos minoritários? O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) em 2017 foram contabilizados 179 assassinatos de travestis ou transexuais, ou seja, a cada 48 horas uma pessoa trans é assassinada no Brasil e em 94% dos casos é contra o gênero feminino.
É pressuposto que colocar em discussão estas e outras questões de gênero seja papel importante dos meios de comunicação. Quando isso não acontece a população fica carente de informação e quem mais perde com isso é a população trans. Perdem sua identidade e o direito a voz.
Nesta semana, foram publicadas diversas matérias sobre o atropelamento de Gaby Scheifer, a qual era uma mulher trans. Entretanto, das três matérias analisadas (em três veículos diferentes), pode-se dizer que nenhuma teve a preocupação com a história desta mulher. O telejornal Paraná Tv 1ª edição e o portal de notícias aRede não tiveram a preocupação de tratá-la pelo nome social.
Foi constatada que Gaby havia levado três tiros antes do atropelamento, as matérias supõem que a vítima fugia do assassino. Colocam afirmações como “o crime pode ter conotação sexual, já que a vítima era transexual”, dando um tom pejorativo para a matéria. Em nenhum momento as publicações têm a preocupação de dizer quem era a vítima e o que fazia, muito menos em contextualizar com dados e estatísticas a luta das pessoas trans. Perde-se aqui, a identidade de uma mulher e a oportunidade de se fazer o bom jornalismo. Esta semana, mais uma vez, o jornalismo pecou em pontos essenciais e em casos importantes para a luta de gênero.
Links:
http://m.arede.info/ponta-grossa/219198/trans-atropelada-levou-tres-tiros-antes-de-morrer
https://www.diariodoscampos.com.br/noticia/transexual-morre-na-rodovia-prc-373
Kethlyn Lemes
Na reportagem de arede, link postado por vcs ela foi tratada pelo nome social e identificada com seu nome verdadeiro