No domingo dia 04, Ponta Grossa sediou a 5ª Parada Cultural LGBTQIA+ dos Campos Gerais. O evento teve início às 12h na Praça Barão de Guaraúna, na região central, e contou com centenas de pessoas ocupando as ruas da cidade. A quinta Parada teve como tema a Ciência e a Tecnologia por ser a edição que retomou a presencialidade pós-pandemia de Covid-19.
Após a marcha pela Avenida Vicente Machado, a concentração final ocorreu na Feira do Produtor, próximo do Restaurante Popular Guilherme Cavina, onde foram realizados os discursos pautando a luta do movimento LGBTQIA+ na cidade.
Guilherme Portela, organizador da Parada e ativista do movimento, destacou em sua fala que o evento não se tratava de uma tentativa de ideologia como é citada por vários políticos brasileiros. Ele reforçou que a parada é um movimento político e democratico. “Não estaríamos aqui, se depender do discurso, do ato e da política negacionista que cresceu esses anos na pandemia principalmente no governo Bolsonaro”, complementou o ativista.
A parada também contou com apresentações de artistas pontagrossenses já consolidados como a MUM, Romanov e Lillo e abriu espaço para novos artistas apresentarem suas produções. Matheus Camargo de 18 anos esteve no palco pela primeira vez e relata que foi uma das melhores experiências de sua vida. “Pessoas que eu não conheço cantando minhas músicas, não fazem ideia de como é emocionante sentir que fui acolhido como artista”, conta emocionado com lágrimas nos olhos e com a voz de choro logo após descer do palco.
Adrielly Cristina Martins de Lara, pansexual de 20 anos, que esteve presente no evento comenta sobre ter uma parada LGBTQIA+ em uma cidade conservadora. “A gente sofre bastante todos os dias nessa cidade, quando eu me visto como menino já me olham com feições estranhas e essa Parada é a minha luta contra essas pessoas que já me olharam torto”, finaliza Adrielly com um sorriso no rosto.
LGBTfobia
Levantamento nacional realizado via busca ativa pelo Grupo Gay da Bahia indicou 300 mortes violentas a pessoas LGBTQIA + em 2021 no Brasil, aumentando 8% quando comparado aos 276 casos de 2020. Ainda, conforme a pesquisa, o Paraná ficou em sétimo lugar dos estados com mais mortes violentas à comunidade LGBTQIA+, sendo registrado 18 casos.
Ulisses Massinhan, drag queen de 50 anos, chama a atenção para os ataques e valoriza a importância do evento por retomar os direitos da comunidade LGBTQIA+. “Nós perdemos o nosso direito de viver, nunca houve tantos assassinatos e violência contra nossa comunidade como nesses últimos 4 anos. Essa Parada é a retomada da luta pelos nossos direitos”, afirma a drag.
Dados divulgados pelo Centro de Análise, Planejamento e Estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná mostram que em 2022 o número de ocorrências envolvendo homofobia e transfobia caiu. Em 2021 foram registradas 1.560 e no período de janeiro a novembro de 2022, totalizaram 1.382 casos. Porém, não estão computadas ocorrências referentes ao mês de dezembro. Neste ano Ponta Grossa também teve queda no número de ocorrências de LGBTfobia, diminuindo de 183 para 56 ocorrências registradas.