Agrotóxicos encontrados em Lambaris no Alagados mostram a importância das pesquisas de Universidades Públicas

Agrotóxicos encontrados em lambaris na represa do Alagados levantam preocupações quanto às pessoas que comem os peixes. A pesquisa foi realizada pelo Departamento de Pós-Graduação em Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e encontrou agrotóxicos proibidos no Brasil, como DDT e Endosulfan, ambos prejudiciais à saúde. Um dos principais problemas destes agrotóxicos é sua potência, o DDT, por exemplo, demora de 4 a 30 anos para se degradar no meio ambiente, o veneno mata não apenas as pragas, mas contamina a fauna e flora do local. A pesquisa foi divulgada no último dia 15 e levanta preocupação acerca da saúde das pessoas e do ecossistema.

A região sudeste e nordeste são as mais afetadas, tendo 70% das mortes causadas por agrotóxicos no Brasil, segundo dados do DataSUS.

Para o advogado e participante do Fórum das águas dos Campos Gerais, João Luiz Stefaniak, as políticas públicas na área são precárias, segundo ele: “Existe uma política que incentiva o uso de agrotóxicos indiscriminadamente no Brasil. Bolsonaro liberou pelo menos 200 agrotóxicos novos, sem nenhuma fiscalização”. Stefaniak esclarece que os agrotóxicos são proibidos em outros países da Europa e no próprio Estados Unidos por comprometer o consumo da água e causar danos à população.

O advogado fala que o setor do agronegócio brasileiro não está muito preocupado com os agrotóxicos. Em todo o Brasil foram usados cerca de 539,9 mil toneladas de pesticidas em 2017, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), deixando o Brasil em 7º na posição de países que mais gastam com agrotóxicos, e o 2º que mais compra agrotóxicos proibidos em todo o mundo. E o número só tende a aumentar, em 2005 houve a liberação para uso de 90 agrotóxicos no Brasil o que em 2019 aumentou para 474 agrotóxicos liberados, segundo dados do Ministério da Agricultura.

João comenta que não existem políticas de descartes para estes venenos, que são usados de forma indiscriminada. “Existe uma política para que estes agrotóxicos sejam usados” explica Stefaniak. A importância de pesquisas como essas: “somente em pesquisas sérias podem aferir dados corretos sobre o tema, é importante ver universidades públicas fazendo essas pesquisas, visto que outras formas de pesquisa são controladas pelos grandes fazendeiros”. O agrotóxico encontrado nos peixes tinham concentrações baixas, o que preocupa apenas as pessoas que consomem o alimento com frequência.

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