Atendimentos à saúde mental foram afetados pela pandemia, segundo OMS


Trezentos milhões de pessoas são afetadas pela depressão, de acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) “Depressão e outros distúrbios mentais comuns: estimativas globais de saúde” e a entidade aponta que o número aumentou 18% em dez anos e crescerá ainda mais nos próximos anos, fazendo da depressão o distúrbio mental mais incapacitante do mundo.

O relatório informou, ainda, que pobreza, desemprego e acontecimentos como a morte de um ente querido potencializam o risco de ter depressão, situações que foram amplificadas pelo novo coronavírus. Com a pandemia da Covid-19 aumentou o número de afetados por distúrbios mentais, agravaram os casos existentes e intensificou-se a procura por atendimento psicológico. Outro relatório divulgado pela OMS traz que 93% dos serviços de atendimento à saúde mental foram afetados pelas medidas de proteção contra o COVID-19, motivando 70% dos países a adotarem atendimentos virtuais.

“No primeiro momento, houve uma desistência nos atendimentos presenciais devido ao isolamento social e ao fato de que os profissionais precisaram se adaptar aos atendimentos virtuais mas assim que essa adaptação aconteceu, houve um aumento na procura por esses atendimentos.” explica Sérgio Kodato, professor de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Kodato diz, ainda, que além de ansiolíticos e antidepressivos, a arteterapia e a grupoterapia têm sido benéficas no tratamento de transtornos como a ansiedade e a depressão.  

A OMS alerta para o fato de que a depressão leva ao suicídio e dados divulgados pela organização mostram que 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, sendo a principal causa de morte entre pessoas de 15-29 anos e para cada adulto que se suicida, vinte outros atentam contra a própria vida, o que motivou a entidade à colaborar com a Federação Mundial para a Saúde Mental em iniciativas como o Dia Mundial da Saúde Mental, entre outras que precisaram se adaptar às medidas de proteção do COVID-19. “Os eventos on-line tem menos ressonância, mas isso não significa que eles não são importantes”, ressalta Kodato, “O suicídio é um problema de saúde pública e precisamos dar visibilidade a ele para que aqueles que precisam tenham a quem recorrer”, diz. 

O professor de Psicologia relata, ainda, que a pandemia fez com que as pessoas refletissem sobre a proximidade da morte, a fragilidade da vida e o desencanto com o mundo e as pessoas, o que estimulou pensamentos suicidas.  “A perspectiva de futuro nos alimenta a viver e a partir do momento que vemos a possibilidade de um futuro obscuro, isso incentiva pensamentos suicidas”, comenta.  

Além de pensamentos suicidas, outros sintomas da depressão são a baixa autoestima, o desânimo persistente, a insônia, a mudança de apetite, a irritabilidade, ansiedade e angústia e os sentimentos de medo, insegurança, desamparo e vazio mas aos que identificarem esses sintomas em um amigo ou familiar, Kodato alerta: “Abordagens diretas podem aumentar a resistência dessa pessoa”  e aconselha que as abordagens sejam feitas durante atividades em conjunto: “Podem ser o momento perfeito para começar essa conversa”.  


Se você precisar conversar, ligue para o CVV (Centro de Valorização da Vida) no número 188 ou acesse o site www.cvv.org.br ou entre em contato com o UEPG Abraça por e-mail (prog.uepgabraca@gmail.com) ou por WhatsApp (42) 99141-8937. 

Por Mariana Real.

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