Ato em memória de Marielle Franco marca o país um ano após o assassinato

“Marielle perguntou, eu também vou perguntar: quantas mais têm que morrer para essa guerra acabar?”

Este foi o brado que ecoou na Avenida Dr. Vicente Machado, em Ponta Grossa, no dia 14 de março. Em manifestação simultânea, em pelo menos 14 países, outros protestos lembraram a morte da ex-vereadora Marielle Franco.

Para Ana Paula de Melo, uma das organizadoras do ato “Somos Todos Marielle Franco e Anderson”, a luta de Marielle não era somente parlamentar. A ex-vereadora do Rio de Janeiro (RJ) lutava pelos direitos humanos das mulheres negras, pobres e LGBTs, porque acreditava na formação de uma sociedade mais justa. “É nosso dever seguir em frente para que outras Marielles não tenham o mesmo fim que ela teve”, completa a organizadora.

O assassinato da vereadora foi um alerta para toda a classe minoritária. Isto é o que relata a geógrafa Mayã Campos, participante do ato. “Foi um lembrete de que as vidas não têm igual importância no Brasil hoje e como nós, enquanto minorias, estamos vulneráveis a qualquer tipo de ataque”, afirma Mayã.

A manifestante conta que manter o espírito de Marielle vivo é fundamental para que as minorias não sejam silenciadas pelo medo e finaliza com a palavra de ordem cantada durante o ato: “Quem matou a Marielle, atiçou um formigueiro”.

A militante Bianca Lovato, estudante de Serviço Social, destaca a gravidade do caso Marielle no contexto político brasileiro. “Uma mulher de esquerda, negra e bissexual, assassinada no mesmo ano em que um parlamentar extremista foi eleito presidente, representa um ataque gigantesco à nossa democracia”, comenta Bianca.

De acordo com a estudante, encontrar os responsáveis pela morte de Marielle e Anderson é um dever do Estado para com todo o país. “Esta questão diz respeito a que democracia nós queremos e que democracia estamos vivendo”, conclui.

Marielle Franco foi uma vereadora carioca que teve a vida interrompida durante seu mandato. A ativista fez fortes denúncias contra o abuso de força policial e defendeu políticas de proteção às populações negra, LGBT, feminina e periférica na cidade do Rio de Janeiro. Marielle, junto de seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados no dia 14 de março de 2018, ambos com 39 anos, após deixar um evento de militância negra.

Até o momento, o sargento reformado da PM, Ronnie Lessa, e o ex-militar, Elcio Vieira de Queiroz, estão sob investigação pela acusação de serem os executores da ex-parlamentar e seu motorista.

Por Daniel Lisboa e Rafaela Martins

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