Descarte irregular: uma questão de saúde pública

Doenças são causadas ou agravadas graças ao descarte incorreto de resíduos sólidos 

Diariamente são coletados cerca de 290 toneladas de resíduos sólidos na cidade de Ponta Grossa, o que totaliza mais de 8 mil toneladas mensalmente. Porém, de acordo com a Prefeitura de Ponta Grossa, o número é maior ao considerar os resíduos que não obtiveram o destino certo. Em 2019, por exemplo, foram retiradas mais de 200 toneladas de resíduos sólidos descartados de maneira irregular na cidade, de acordo com dados do serviço de coleta de lixo, Ponta Grossa Ambiental.

Entre alguns dos inúmeros problemas que rodeiam a prática do descarte incorreto, estão a poluição do solo, o impacto na saúde pública e a emissão de gases prejudiciais para toda a biodiversidade. 

Apesar da passagem regular do caminhão de lixo, os residentes do bairro Ronda, próximo à região da Vila Nova, relatam problemas com o descarte incorreto realizado pelos próprios vizinhos, em um terreno baldio na região. “Se tornou um problema para quem mora aqui perto. Incomoda pelo cheiro forte, por se tratar de resíduo orgânico que vai apodrecendo e preocupa pelo acúmulo que pode se tornar foco para os mosquitos da dengue, por exemplo. Falta uma fiscalização, principalmente em terrenos abandonados que são alvos de quem não tem consciência”, desabafa a moradora da região, Maria Rosa Borges.

Diversos resíduos descartados no terreno baldio no bairro Ronda. Foto: Lucas Barbato 

O descarte irregular é crime, conforme Lei Federal n° 9.605/1998, Lei de Crimes Ambientais, com penalidade prevista no artigo 54. A prática pode levar à reclusão, detenção ou pagamento de multa. A penalidade varia conforme o tipo de dano causado pelo lançamento de resíduos.

A analista ambiental, Cláudia Rosa, lamenta o descaso com que é tratado o assunto e acredita na necessidade de um trabalho de conscientização. “Infelizmente a era de descarte incorreto de lixo é cultural e é um trabalho de formiguinha fazer isso melhorar. A sensação é a de que não adianta se esforçar quando o outro não colabora, mas se cada um fizer sua parte, os problemas gradualmente se resolveriam.” 

Cláudia admite que por vezes os moradores precisam de uma solução imediata e acabam, por exemplo, incinerando os locais com lixo, o que agrava a situação, com riscos de incêndio, problemas  respiratórios e poluição. 

Outro ponto levantado pela analista ambiental é a utilização do canal de denúncia da prefeitura, juntamente com a fiscalização da própria população que convive com o problema. “A cobrança por parte dos moradores é extremamente necessária para que as políticas sejam aplicadas de maneira justa”, ressalta. 

As denúncias podem ser feitas através do 156, por telefone ou pelo site.

Por Lorena Santana e Lucas Barbato 

 

 

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