De acordo com informações do Ministério da Saúde, estima-se que 8 milhões de mulheres possuem endometriose no Brasil. Infográfico por Ester Roloff e Malu Garcez Dip.
No Brasil, em média, uma a cada 10 mulheres sofre com os sintomas da endometriose, de acordo com o Ministério da Saúde. A endometriose é uma doença ginecológica facilmente camuflada no ciclo menstrual e que, se não tratada, pode levar a complicações graves. A ex-enfermeira, Glaucia Staveski, conta como foi a descoberta de que tinha a doença, dos sintomas e dos desafios, até o momento de sua cura. Veja a história completa abaixo.
Glaucia Staveski, de 50 anos, trabalha com acupuntura, massoterapia e medicina oriental. Desde sempre dedicou-se a cuidar de outras vidas. Porém, perto de seus 40 anos se deparou em uma situação onde sua própria saúde precisaria ser o foco de sua vida. Glaucia foi ao médico realizar exames preventivos para ver se estava saudável, pois desejava engravidar novamente. Através deles descobriu que tinha ovário policístico, mas isso não a fez desistir de seu sonho e logo iniciou o tratamento à base de medicação.
Depois de um tempo descobriu que somente o uso dos remédios não estava mais ajudando e seria necessário fazer uma cirurgia para retirar o ovário com o cisto. No processo da cirurgia, a médica responsável analisou e viu que além do ovário policístico Glaucia tinha também um quadro avançado de endometriose. Foi uma surpresa para a paciente, pois ela nunca tinha apresentado nenhum dos sintomas típicos da doença.
As duas doenças de Glaucia só foram descobertas por causa dos exames de rotina. “Eu não tive nenhum sintoma que chamasse minha atenção, por isso que foi muito importante fazer os exames preventivos. Sem eles eu não teria descoberto que tinha endometriose, pois eu não apresentava sintoma nenhum e talvez quando eu descobrisse já fosse tarde demais”, ressalta. Destaca também que fez os exames no momento certo, porque quando seu ovário foi enviado para biópsia foi descoberto que seu quadro estava quase se tornando um câncer.
Assim como qualquer outra pessoa que passa por alguma doença ou cirurgia, a vida de Glaucia também mudou. Por ter tirado os dois ovários acabou entrando na menopausa cirúrgica. “Eu entrei na menopausa muito cedo, tinha só 41 anos, e por isso tive que fazer tratamento hormonal durante quase dez anos. É difícil todo dia ter que tomar comprimido, além de que sei que hormônios podem dar efeitos colaterais, então não são muito bons para a saúde”, comenta dos impactos pós-cirurgia. Ela também lamenta que nunca conseguiu ter mais filhos como queria inicialmente, mas fica grata por ter tido pelo menos uma criança antes da doença.
Glaucia, antes de trabalhar com medicina oriental, foi enfermeira chefe da maternidade da Santa Casa de Ponta Grossa durante anos. Ela conta que geralmente a endometriose é uma doença silenciosa, que apresenta sintomas semelhantes aos do ciclo menstrual das mulheres, então muitas vezes a maioria não suspeita que é uma doença e acaba não tratando. Glaucia relata ainda que mesmo vendo muitas doenças e situações complicadas no seu dia-a-dia nunca tinha imaginado que poderia ser a próxima vítima. Ela fala que não é incomum que profissionais da saúde passem muito tempo cuidando do bem-estar dos outros e acabem esquecendo da própria saúde.
Glaucia destaca que mesmo que os exames sejam desconfortáveis eles são indispensáveis para a saúde de qualquer mulher. Além disso, a acupunturista diz que apesar de não ser um tema muito valorizado pela medicina brasileira, acredita que a questão emocional também seja uma forte contribuinte para a formação de tumores e de problemas de saúde. “Eu desenvolvi a doença depois que perdi meu marido e, a tristeza fez com que minha imunidade baixasse, o que torna mais propício o desenvolvimento de algumas doenças de acordo com a medicina oriental”, explica. Relembra que inicialmente ficou assustada, principalmente durante o período pré diagnóstico. “A endometriose é uma doença que apesar de assustar, tem cura e é possível viver com qualidade de vida depois do tratamento, inclusive depois de retirar o útero ou o ovário”, finaliza Glaucia de forma tranquila e encorajadora.
Para tratar e combater a doença é importante fazer regularmente os exames de rotina, cerca de uma vez a cada um ou dois anos. A doença pode se desenvolver em adolescentes e, raramente, em meninas mais jovens, porém a idade média de diagnóstico é de 28 anos. Se você está com suspeita da doença, busque um médico especializado em ginecologia através da rede pública de saúde para fazer os exames.
Texto por Ester Roloff e Malu Garcez Dip