Indígenas lutam pelo reconhecimento e pelo fim do preconceito

Moradores da tribo Kakané Porã falam sobre resistência e as dificuldades enfrentadas

Foto: Gabriela Oliveira
A liderança indígena Jovina Renhga e o escritor de literatura nativa há 37 anos Olívio Jekupé estiveram na Universidade Estadual de Ponta Grossa para dialogar acerca de suas vivências na última quinta-feira (20).

Durante o oitavo Colóquio Mulheres e Sociedade, realizado no auditório da UEPG, Jovina Renhga destacou a importância do território e relatou viver em dois mundos: a tribo indígena tradicional em que nasceu e a primeira tribo indígena urbana de Curitiba e do Sul do país: a Kakané Porã, que foi fundada por ela e por alguns de seus familiares. Na tribo urbana, há três povos: Kaingang, Guarani e Xetá.

Ela explica que, nos territórios indígenas, cada povo tem a sua língua, a sua culinária, a sua maneira de fazer artesanato. No território Kaingang há muito trabalho relacionado a cestaria porque os cestos possuem um grande valor. Porém, os indígenas são discriminados quando estão tentando vendê-los.

Renhga ainda ressaltou a relevância da natureza para os indígenas. “É muito importante falar de território qua ndo vai entrar na mata. Você bate palma três vezes e pede licença porque é um lugar sagrado”, diz.

No período da tarde, Olívio Jekupé participou de uma entrevista coletiva no laboratório de telejornalismo da UEPG e relatou o apagamento indígena na literatura. “Já escreviam sobre nós. Estão desde 1500 escrevendo sobre nós, mas no  pensamento deles [pessoas não indígenas]. Por isso, a literatura nativa é importante para conscientizar a sociedade porque o que sabem é o preconceito criado sobre nós [indígenas]”, pontua.

O preconceito também existe em relação aos livros escritos por indígenas. “Sou escritor [de literatura nativa] há 37 anos e 24 livros publicados. Não ganhei e nunca vou ganhar um prêmio porque eu sou indígena”, afirma Olívio. 

Ele ainda conta que o seu sucesso é muito maior internacionalmente e que, devido a falta de reconhecimento nacional, criou a sua própria editora: a Jekupé.

Foto: Gabriela Oliveira

Jovina e Olívio reforçam que é necessário desconstruir o estereótipo criado acerca dos indígenas a fim de que haja maior valorização e divulgação dos trabalhos e maior respeito à cultura, pois há rótulos atribuídos erroneamente a eles devido ao preconceito e à ignorância.

Por: Gabriela Oliveira

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