Instituição Irmã Scheilla atua no combate à insegurança alimentar

                           Amanda Grzebielucka, Bruna Sluzala e Pietra Gasparini

As refeições são feitas e servidas por voluntarios. Foto: Pietra Gasparini

     A instituição Irmã  Scheilla, organização espírita e beneficente que atua há 70 anos em Ponta Grossa, faz parte do Conselho de Segurança Alimentar da cidade e atua no combate à insegurança alimentar distribuindo refeições diariamente. De segunda-feira a sábado são servidos café da manhã e refeição da tarde, distribuindo cerca de  500 pratos de comida por dia. O café da manhã é servido à partir das 9h30 e as refeições da tarde são servidas às 16 horas. Aos sábados, o café é às 9h e à tarde o atendimento é às 17 horas.

    As refeições oferecidas pela associação são feitas a partir de alimentos doados pela população, por empresas privadas e mercados, além de três produtores rurais que doam regularmente. “O  pessoal elogia muito a comida daqui. A gente fica feliz,  sabe que é feito com carinho, é feito com amor, é como se fosse dentro da casa deles. Não é porque é doação que os ingredientes não são frescos, é tudo de ótima qualidade”, conta Maria Etelvina, presidente da instituição Irmã Scheilla.

     Ela explica que os alimentos variam de acordo com a equipe que está cozinhando, então tem uma variedade. “Tem dias que tem arroz, feijão, carne, salada, em outros é canja, ou quirera com suan, tem dia que é feijoada, macarronada com carne moída. As equipes escolhem o que vão fazer em cada dia da semana“, relata, informando que a proteína sempre está presente.

    Quem faz a compra dos alimentos, decide o cardápio e a cozinha são as equipes de voluntários que se dividem entre os dias da semana. Etelvina ressalta que além do voluntariado e a doação de alimentos, a  população pode ajudar com a doação em dinheiro. “A doação de dinheiro ajuda a comprar o gás e a manter as despesas como luz, água, manutenção. Às vezes é uma torneira que estraga, panela que acaba furando. Então, a gente precisa trocar os utensílios”, explica.

   A presidente revela que agora que a instituição faz parte do Conselho de Segurança Alimentar da Prefeitura, irá receber regularmente frutas e verduras para as refeições, e isso ajuda a criar uma rotina, tendo garantia desses alimentos. 

Insegurança alimentar atinge um em cada quatro lares brasileiros

    Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) sobre segurança alimentar divulgados pelo IBGE, em 2023, 27,6% dos lares brasileiros lidaram com algum grau de insegurança alimentar. Além disso, 9% dos  domicílios enfrentavam o problema de forma moderada ou grave. De acordo com o levantamento, a fome atingiu o dobro dos lares liderados por pessoas negras, totalizando mais de 69%. 

    A insegurança alimentar é caracterizada pela dificuldade de acesso regular a alimentos em quantidade e qualidade suficientes para suprir as necessidades nutricionais de uma pessoa ou família. Esse problema pode variar entre níveis leves, moderados e graves. A nutricionista Gabrielle Jansen explica que a insegurança alimentar, além da variação entre os níveis, também impacta de formas diferentes em cada faixa etária. Para ela, uma pessoa adulta é afetada de forma diferente de uma criança, que sofre com a questão do desenvolvimento e da inclusão social. “A criança, então, vai ter um baixo nível de desempenho, não vai crescer, não vai se desenvolver da forma como deveria”, observa.

    Ela reforça que o adulto, além de sofrer com a falta de nutrientes, também sofre socialmente, “A pessoa vai estar mais suscetível às doenças e a partir do momento que isso afeta o sistema nutricional, ela não vai ter energia e desempenho. A parte de inclusão social, às vezes, de colocação no mercado de trabalho, também vai afetar essa pessoa”. Gabrielle ainda alerta que a situação de insegurança alimentar se agrava ainda mais em idosos, “O Idoso já é mais suscetível a algumas coisas, já tem maior depressão de massa magra, então com isso ele vai se agravar cada vez mais”, expõe.

    Segundo a nutricionista, a pessoa em insegurança alimentar tem deficiência de todos os micronutrientes que estão presentes na proteína de origem animal e vegetal. “Elas vão ingerir bastante carboidrato, que é o mais abundante e de menor custo, carboidrato e gordura.  Quando você pensa em proteína, tanto vindo de origem animal quanto de vegetal, ela se torna um pouco mais cara, então a pessoa já não vai ter tanto acesso”.

    Além disso, pensando nos micronutrientes, presentes principalmente em frutas, verduras e legumes, o consumo também se torna mais restrito devido aos custos. A nutricionista ressalta que em Ponta Grossa um meio de conseguir acessar alguns nutrientes é na Feira Verde, que é um programa da Prefeitura que troca materiais recicláveis por alimentos e outros benefícios.

 

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