Paraná é o estado com maior taxa de óbitos devido ao uso de álcool

Mesmo que o consumo médio no Brasil tenha diminuído nos últimos 10 anos, a região Sul apresentou crescimento de 37% no consumo de álcool durante o período

                                             Repórter Ester Roloff

  O Ministério da Saúde e o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) disponibilizaram a pesquisa anual de 2024 intitulada “Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024”. Os dados revelam que o consumo médio de álcool no Brasil passou de 8,6 litros (por pessoas com mais de 15 anos) em 2010, para 7,7 litros no último levantamento, em 2019 (último ano em que foi feito um levantamento geral da situação no país, para os anos seguintes, o relatório apresenta os dados individuais de cada estado). Mesmo com essa diminuição, o Brasil continua acima da média global de consumo, que é de 5,5 litros. No Paraná, o problema se agrava ainda mais.

 Em 2023, o Paraná foi o segundo estado com maior número de internações relacionadas a complicações de saúde decorrentes do consumo de álcool (65,5 a cada 100 mil habitantes), ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul (69,9 a cada 100 mil habitantes). Ambos os percentuais são consideravelmente maiores do que os do restante do País, com a maioria dos estados apresentando menos da metade destes valores. A situação se agrava ao observar a taxa de óbitos devido ao uso do álcool. O Paraná apresenta o maior índice (42 a cada 100 mil habitantes), ficando acima da média do país (32 a cada 100 mil habitantes).

 O consumo abusivo de álcool é um comportamento mais comum entre os jovens e está associado ao aumento no risco de envolvimento em acidentes e situações de violência, além dos prejuízos sociais e econômicos ocasionados. As causas para o vício envolvem a combinação de diversos fatores, como idade, gênero, classe social e escolaridade.

Experiências nos CAPS

 O coordenador do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas (CAPS AD) de Ponta Grossa, Luiz Culesel, relata a preocupação que tem com o bem-estar mental dos funcionários que atuam na instituição. “Temos que ficar atentos com nossa saúde mental, pois todos que vêm aqui buscam ajuda, têm uma história difícil, não podemos levar para a vida pessoal o que acontece no trabalho”. Ele explica que a relação que tinha com o álcool mudou após começar a trabalhar no CAPS. “Eu tomava muita cerveja, hoje já tenho consciência de qual é meu limite, porque o limiar entre estar bem e o uso abusivo é muito pequeno”, observa. Luiz destaca a importância de sempre manter atenção à quantidade e à frequência do consumo de bebidas alcoólicas. 

 A assistente social, Jordana Gabriela Murmel, trabalhou em diferentes CAPS de Ponta Grossa, entre eles, o específico voltado para o uso de álcool e drogas. Ela explica que existe um preconceito contra os CAPS que dificulta o atendimento dos que precisam. “É difícil as pessoas virem para cá, então, quando isso acontece, precisamos fazer de tudo para mantê-los com a gente”, ressalta.

 Jordana expõe que também faz uso de bebidas alcoólicas. “Os pacientes perguntam e eu não nego, mas a diferença é que eu sei o meu limite, não bebo para suprir uma frustração ou para ficar bem”. Ela fala que o trabalho mudou a maneira como ela via o uso de bebidas alcoólicas anteriormente. “O uso está inserido historicamente na nossa cultura, crescemos vendo nossos pais beberem e somos incentivados a beber em festas e comemorações, o que acaba nos levando ao consumo”, finaliza.

Serviço

 Se precisar de ajuda, ou conhecer alguém que precise, dirija-se a um CAPS da cidade. Os centros funcionam das 08 às 18 horas, de segunda a sexta, e não é necessário agendar horário prévio.

CAPS-AD: Rua Vicente Esposito, S/N, Bairro Órfãs – do lado do terminal Uvaranas. Telefone para contato: (42) 3220-1000.

CAPS II: Avenida Antônio Rodrigues Teixeira Júnior, Nº 229, Jardim Carvalho. Telefone para contato: (42)3901-3020.

CAPS Infantil: Rua Coronel Dulcídio, Nº 09, Centro. Telefone para contato: (42)3027-2088.

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