Em Ponta Grossa, são quatro casos ocorridos no primeiro semestre deste ano
De acordo com dados apresentados pelo Monitor de feminicídios no Brasil (MFB), o estado do Paraná é o segundo do país com a maior quantidade de casos de feminicídios consumados e tentados no primeiro semestre de 2024, atrás apenas de São Paulo, com 283 registros. O Paraná contabiliza 168 ocorrências, sendo 69 casos consumados e 99 tentados.
O município de Ponta Grossa registrou quatro casos, sendo dois consumados e duas tentativas. No início de julho, a cidade presenciou a morte da jovem Jaine Kochanski, de 27 anos, que foi morta a facadas em sua residência. O marido, principal suspeito de ter cometido o homicídio, morreu em um acidente de trânsito.
No Dia Estadual do Combate ao Feminicídio, 22 de julho, menção à data em que a advogada Tatiane Spitzner foi morta pelo marido, em 2018, a Casa da Mulher de Ponta Grossa realizou uma panfletagem em frente ao Terminal Central. Os órgãos da rede pública de enfrentamento distribuíram panfletos e conversaram com a população sobre ações de combate ao feminicídio e a violência contra mulher.
A soldado do 1º Batalhão de Polícia Militar, Andreia Vaz Staddlan, conta que o foco da panfletagem foi conscientizar as mulheres sobre os diferentes tipos de violência. “Muitas vezes as vítimas não percebem que estão sofrendo algum tipo de abuso. Elas não tem conhecimento que a violência moral, verbal, financeira e patrimonial também são consideradas violências, elas acham que é só a agressão física.” Andreia destaca que a violência, na maioria dos casos, tem precedentes familiares, por isso, muitas vítimas demoram para entender que estão sofrendo.
A soldado do 1º Batalhão de Polícia Militar, Iasmin Martins Pedroso, lembra que existem cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher que estão previstas na Lei Maria da Penha: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. De acordo com o Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V, a violência física consiste em qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher.
Os tipos de violência contra a mulher
É considerada violência psicológica qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Trata- se de violência sexual qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. A violência patrimonial é entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. E a violência moral é qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
A juíza de Direito do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Vara de Crimes contra Crianças, Adolescentes e Idosos, em Ponta Grossa, Alessandra Pimentel, explica os métodos de combate ao feminicídio. “Em primeiro lugar, é importante que as vítimas façam o registro da ocorrência, e que não sofram a violência em silêncio. A partir do momento que a mulher faz o registro, o poder público vai conseguir atuar para auxiliá-la, e se for o caso, conceder medidas protetivas de urgência”, destaca.
De acordo com Alessandra, essas medidas são concedidas por um juiz ou juíza, e a partir delas, o agressor não pode entrar em contato e nem manter nenhum tipo de aproximação com a mulher. Isso auxilia para que a vítima não venha a sofrer novas violências. A juíza também ressalta que as campanhas são importantes para que haja visibilidade dos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. “Nós temos números muito altos de violência contra a mulher, e números assustadores de feminicídios no Brasil. As campanhas levam essa situação até a sociedade, fazem com que a população saiba que existe esse crime, entenda as formas de proteger as mulheres e os métodos de prevenção e de combate”, afirma.
A advogada e secretária adjunta da Comissão da Mulher de Ponta Grossa, Adrielly de Almeida Ferreira do Prado, também destaca a importância das campanhas de conscientização e defende a necessidade delas iniciarem nas escolas. “O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher. Por isso acredito que a educação de gênero vai ajudar no combate ao aumento dos índices de violência”, destaca Adrielly.
Denúncias podem ser feitas pelos telefones:
190: Polícia Militar (casos de violência em flagrante);
181: Disque Denúncia (denúncias anônimas no Paraná);
180: Central de Atendimento à Mulher (denúncias, orientações às mulheres em situação de violência e informações sobre direitos da mulher);
153: Patrulha Maria da Penha (serviço de proteção e monitoramento de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, que receberam da Justiça as medidas protetivas de urgência).
(42)3220-1043 e (42) 99956-3621: Casa da Mulher (oferece atendimento psicológico e social)