O despejo ilegal de cerca de 60 famílias ocorreu na madrugada do dia 05, no bairro Cará-Cará em Ponta Grossa, PR. As famílias haviam ocupado a área da Companhia de Habitação (COHAPAR) no fim da tarde do dia 04 deste mês. A ocupação foi coordenada pela Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL). O espaço pertencia até 2021 à PROLAR (Prefeitura de Ponta Grossa).
A operação policial contou com aproximadamente 200 policiais que cercaram a área, quando as pessoas dormiam sob lonas, desmontaram as barracas e retiraram as famílias do local. Ali estavam crianças, jovens, adultos, idosos, refugiados, gestantes e pessoas com deficiência. O coordenador da FNL em Ponta Grossa, advogado Leandro Dias, e a advogada Gislaine Indejejczak, foram detidos e, no batalhão da PM, assinaram termo circunstanciado, sendo liberados na manhã de sábado.
Vale lembrar que o grupo político que administra a cidade repete a promessa de um condomínio para idosos em Ponta Grossa em disputas eleitorais desde 2016 (também em 2020) e, até o momento, não teve nenhuma iniciativa concreta que amenize o problema habitacional também aos idosos.
Dados da própria COHAPAR, publicados em fevereiro de 2021, indicam um déficit habitacional de 23 mil unidades só em Ponta Grossa. A cidade ocupa o quarto lugar entre os municípios com maior déficit de moradias no Paraná (atrás apenas de Curitiba, Londrina e Paranaguá), onde a estimativa é de que faltam cerca de 512mil unidades. Ponta Grossa registra um déficit de 12% do total do Estado. A FNL publicou em nota divulgada no dia 6 de fevereiro, em redes sociais que o objetivo da ocupação é denunciar o desmonte da PROLAR e a venda das áreas públicas destinadas a programas habitacionais populares em Ponta Grossa, para a iniciativa privada, com a finalidade da construção de condomínios particulares ignorando dessa maneira a necessidade de moradia de mais de 23 mil pessoas, que atualmente se encontram cadastrados na fila da PROLAR.
Entidades e movimentos sociais cobram transparência das informações e ações por parte da prefeitura e do estado no que diz respeito às políticas públicas de moradia popular e, também questionam quem determinou a operação policial, sem processo e autorização judicial, com cerca de 200 soldados, em poucas horas, para desocupar a área tomada por famílias sem teto.
Imagem: Reprodução Brasil de Fato