Professores de Jornalismo repudiam ataques do presidente à imprensa

Os professores do Departamento de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) repudiam os frequentes ataques à imprensa feitos pelo presidente Jair Bolsonaro e endossam os argumentos presentes em notas divulgadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Os professores de Jornalismo aprovaram este manifesto em reunião, de 11 de março de 2019, na defesa do livre exercício da profissão. As entidades de jornalistas profissionais, FENAJ e Abraji, repercutem em nota acusações feitas pelo presidente via Twitter a Constança Rezende, repórter do jornal O Estado de S. Paulo. A jornalista acompanha o caso Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, que segundo o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), movimentou quantias de dinheiro incompatíveis com sua renda. Bolsonaro tentou desqualificar atividades de reportagem e sugeriu haver conspiração contra ele. A reação de seus seguidores levou a um linchamento virtual da repórter e atingiu inclusive membros de sua família. Segundo a Abraji, “quando um governante mobiliza parte significativa da população para agredir jornalistas e veículos, abala um dos pilares da democracia, a existência de uma imprensa livre e crítica” (Nota “Abraji e OAB repudiam ataque público de Bolsonaro à imprensa”, 11.03.19, 10h30).
Para a FENAJ, “os constantes ataques do presidente à atuação da imprensa é um desrespeito à democracia brasileira”. A entidade considerou a acusação à repórter de O Estado de S. Paulo de “leviana e caluniosa” (Nota “Presidente ataca a liberdade de imprensa ao caluniar jornalista”, 11.03.19). O comportamento de Jair Bolsonaro frente à imprensa se revela inadmissível vindo de um presidente, de onde jamais deveria se originar uma campanha contra o exercício jornalístico. Convém recordar que, logo após a vitória nas urnas, em entrevista ao Jornal Nacional, Bolsonaro ameaçou cortar verba institucional de qualquer meio de comunicação que se comportasse de “maneira indigna”, o que foi entendido como menção velada à Folha de S. Paulo, com quem travou uma batalha nas redes sociais, e a outros meios que mantiveram uma postura crítica à sua campanha.
Depois, no dia da posse, em janeiro deste ano, os jornalistas sofreram severas limitações para realizar a cobertura da cerimônia. Fato inédito desde a redemocratização brasileira. Para o Departamento de Jornalismo da UEPG, o exercício do jornalismo depende da livre circulação de críticas e da preservação da integridade física dos profissionais de imprensa. Um presidente não pode em qualquer hipótese lançar campanhas difamando profissionais que buscam informar a população e fiscalizar os poderes instituídos.
Ponta Grossa/PR, 11 de Março de 2019

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