Professores enfrentam jornada laboral somente pelo celular

Professores e professoras encaram dificuldades para dar aulas pelo ensino remoto devido a pandemia do novo coronavírus. Segundo o Instituto Península, uma pesquisa feita de abril a maio deste ano mostra que entre 7.734 mil docentes do Brasil, 83% não se sentem preparados para o ensino remoto e 88% deles nunca tinham ministrado aula pelas plataformas digitais. E esse processo torna-se mais traumático quando os mesmos professores que têm dificuldades de acesso não recebem auxílio adequado das instituições de ensino e instâncias superiores, capacitação para lecionar de forma remota e ainda disponibilizam como única ferramenta o celular.

Os aplicativos em que as aulas são executadas e veiculadas tornam as atividades mais complexas e a capacitação de visualização do celular é mais restrita que o computador. As apresentações de tela são mais difíceis de serem feitas, os professores não conseguem ver todos os seus alunos, as mensagens enviadas no chat podem causar confusão e o não acompanhamento integral pelos professores. Tudo isso prejudica o processo de ensino e aprendizagem.

A professora de história da rede pública, Maria Antônia Marçal que realiza as suas 40 horas de aulas semanais pelo celular em 16 turmas com uma média de 30 alunos cada turma, relata que mesmo tendo apenas disponível o espaço da escola com internet e nenhum outro recurso, a Secretaria da Educação e do Esporte (SEED) vem cobrando bons resultados de aprendizagem dos alunos e alunas no ensino à distância.

Ainda de acordo com a pesquisa do Instituto Península 55% dos profissionais da educação no Brasil não tiveram qualquer suporte ou capacitação durante o isolamento social para ensinar fora do ambiente físico da escola. E no estado do Paraná, a política de enfrentamento da pandemia por parte do governo sobre o ensino público acompanhou o descompasso nacional e suas consequências em toda comunidade escolar.

“A ação governamental foi verticalizada sem a participação dos professores. O governo poderia ter investido nos professores para a realização das aulas e não na contratação de empresas para tal. Já que no Estado temos professores em diferentes estágios na carreira, com diferentes rendimentos o que impossibilita para muitos a compra de equipamentos e/ou a contratação de planos de internet.”, comenta Maria Antônia.

Por Catharina Iavorski Edling

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