Círculo de leitura traz quatro livros escrito por mulheres
Iniciativa conta com dinâmicas de valorização da história das mulheres. / Foto: Paula Schamne
O projeto “Círculo de Leitura de Mulheres para Mulheres”, aprovado pelo Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura (PROMIFIC), teve início no dia 20 de julho na Cáritas Diocesana, na Vila Liane. A iniciativa, criada pelo Coletivo Fiandeiras, consiste em encontros voltados para a literatura, debate e reflexão sobre a vivência feminina.
Os encontros, realizados periodicamente, reúnem mulheres da comunidade em exercícios de meditação, troca de experiências e ensino de gêneros literários. O projeto tem o objetivo de difundir a literatura para mulheres da periferia, criar um espaço de acolhimento e por fim produzir uma obra literária com histórias escritas pelas participantes da iniciativa.
Além dos quatro encontros programados na Cáritas, sobretudo com mulheres imigrantes da instituição, o projeto também compreende encontros na Ocupação Ericson John Duarte e no Centro Pontagrossense de Reabilitação Auditiva e da Fala (CEPRAF). No último, a ação será feita com o auxílio de intérpretes de libras da própria instituição. Cada instituição receberá quatro encontros com duração de três horas, com exceção do CEPRAF, que terá um único encontro mais longo.
Um dos livros trabalhados é “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, que aborda a vida de uma mulher negra na periferia em formato de diário, introduzindo o gênero ao projeto para que as participantes possam escrever suas próprias histórias. “Meu livrinho vermelho”, de Rachel Kauder Nalebuff, que traz à roda temas como a menstruação e gestação, e “A menina que virou lua”, de Cardoso Morena, com conhecimentos ancestrais relativos ao uso de ervas na medicina, costura, artesanato, etc, também foram selecionados. Por fim, uma coletânea de poemas escritos por mulheres, como Conceição Evaristo, se soma às quatro obras que integram a iniciativa.
O Coletivo Fiandeiras é composto por Fernanda Burgath, Ligiane Ferreira e Indianara Santos. Fernanda e Indianara possuem formação na área de linguagem, enquanto Ligiane é formada em artes. Em relação ao coletivo e seus objetivos, Ligiane afirma: “O intuito é trabalhar com literatura. Todo mundo deve ter acesso a literatura, e facilitar esse acesso”.
Em relação ao propósito do projeto, Fernanda Burgath, proponente no edital, considera que a literatura possui o potencial de fazer com que as mulheres reconheçam suas vidas como histórias dignas de serem contadas, valorizando assim a vivência da mulher na sociedade.
Darly, que prefere não expor seu nome completo, participou do primeiro encontro do Círculo de Leitura e afirma que planeja frequentar os outros. “Às vezes a gente pensa que só nós sentimos necessidade, ou temos problema, mas quando compartilhamos com outra mulher vemos que elas também têm problemas. Com isso, eu aprendo com a experiência delas e elas aprendem com a minha.”
Ligiane Ferreira ainda conduz outro projeto voltado à literatura. “A Glória do Meu Quilombo – A importância de Carolina Maria de Jesus” é uma iniciativa de palestras em escolas públicas da periferia também contemplada pelo PROMIFIC. Por meio das palestras, os estudantes entram em contato com a autora e ainda conhecem mais sobre a existência do Quilombo Sutil, nas redondezas de Ponta Grossa, origem da família de Ligiane.
Por Victor Schinato