Assuntos como educação ambiental e a situação atual do país estão sendo amplamente discutidos
Pietra Gasparini e Ester Roloff
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) vai ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro na cidade de Belém, capital do estado de Pará. Gilson Cruz, professor de climatologia no Departamento de Geociências na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) explica o que é a COP30. “Ela tem como finalidade promover uma discussão entre os países sobre a produção dos gases do efeito estufa e assim estabelecer metas para conter o problema”, conta. Os gases de efeito estufa retém o calor na atmosfera do planeta, o que contribui para o aquecimento global e as mudanças climáticas.
O Brasil é um dos países que mais emite gases poluentes por conta do desmatamento, mas também tem grande potencial para a solução desse problema, com manutenção das florestas, utilização de energia renovável e agricultura de baixo carbono, que é um conjunto de práticas agrícolas que visam reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), em seu último relatório produzido em 2023, mostrou que o país teve queda de 12% da emissão de gás carbônico devido à redução do desmatamento na Amazônia. Contudo, o Brasil ainda ocupa a posição de quinto país que mais emite gases de efeito estufa. No Paraná, o estudo mostrou que a maior parte das emissões está relacionada com o uso da terra pela agropecuária, com os principais impactos vindos da criação de animais ruminantes (como bois, vacas e carneiros) e dos resíduos agrícolas.
Em Ponta Grossa, existem espaços dedicados à educação ambiental e conscientização da população quanto à sustentabilidade. O estagiário da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Gabriel Ferreira Balzer, trabalha no Centro de Educação Ambiental (CEA), criado pela prefeitura em 2021 e localizado no Lago de Olarias, ensinando a preservação do meio ambiente em escolas, empresas e para a comunidade em geral. “É importante que desde a infância o ser humano se perceba como parte do meio ambiente, entendendo que a própria existência é dependente da preservação da natureza”, explica. Gabriel fala que para o bem-estar e a saúde da sociedade precisamos conviver em harmonia com a natureza. “Fazemos palestras e teatros sobre diversos assuntos, como a questão hídrica, o descarte correto do lixo reciclado e, principalmente, as questões climáticas”, finaliza.
Educação ambiental na graduação
Na última semana do mês de julho, foi realizada a 2° Mostra do Setor de Ciências Sociais Aplicadas com o tema: Emergência Climática e o Compromisso das Profissões, no Campus Central da UEPG. A palestra Emergência Climática e Sociedade, que aconteceu no dia 31, abordou as questões ambientais e o papel de toda a sociedade .
Atualmente, utilizamos o termo emergência climática, ao invés de mudança climática, para refletir a urgência e gravidade da crise climática. Nesse cenário, o professor Gilson Cruz, adverte que não temos mais tempo para tentar prevenir as emergências climáticas. “As emergências climáticas que estamos vivendo e vamos viver nos próximos anos, já estamos provocando há mais de 100 anos”, afirma. O professor chama atenção para o aspecto da desigualdade e a injustiça social que as questões climáticas colocam em evidência. “Os eventos climáticos extremos não vão atingir todo mundo ao mesmo tempo e da mesma forma, mas vão atingir primeiro e com mais força as pessoas mais vulneráveis, que muitas vezes não conseguem se recuperar”, lamenta.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou ODS, que também foram abordados no evento, são uma agenda global da Organização das Nações Unidas, ONU, com 17 metas para tornar o mundo mais justo e equilibrado até 2030. Eles tratam de temas como combate à pobreza, educação, igualdade de gênero, meio ambiente e mudanças climáticas. O coordenador da Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social do Paraná, Luiz Paulo Gomes Mascarenhas, explicou que as ODS devem ser praticadas por todos e em todos os lugares. “Muitos dos projetos sobre sustentabilidade são desconhecidos pela população, mas é a partir de ações individuais que o processo começa”, ressalta.
“Talvez a gente não esteja mais na emergência climática, mas sim na urgência climática. Se nós não tomarmos atitudes para enfrentar e combater o problema, daqui 70 anos não teremos mais como viver na terra”, essa é a visão do professor da Universidade Federal do Paraná, geógrafo e climatologista, Francisco de Assis Mendonça. O pesquisador explica que a vegetação é um dos agentes principais do balanço térmico na terra, e que é necessário pensar em uma reviravolta na agricultura do Paraná, que garanta uma vegetação permanente.
Além da palestra, o evento contou também com duas mesas redondas tratando sobre a responsabilidade que as profissões têm com a questão ambiental. Os cursos da UEPG envolvidos no evento foram: Psicologia, Jornalismo, Comércio Exterior, Turismo, Economia, Administração, Serviços Sociais e Ciências Contábeis.