A cidade enfrenta racionamento de água desde fevereiro e situação se agrava em março
A representação da Sanepar durante a Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) realizada na tarde de quinta-feira (20) pede para que a prefeita Elizabeth Schmidt (União) decrete estado de calamidade pública em decorrência da falta de água na cidade. Outro motivo seria a companhia não conseguir estabelecer um prazo para a normalização.
Além da crise hídrica, a Sanepar justifica o desabastecimento em decorrência da nova captação na adutora do Rio Pitangui. A promessa é que a obra irá acrescentar em 15% na capacidade de abastecimento local, porém não há previsão de conclusão da captação. O prazo atual para o reabastecimento era de 20 dias, que iniciou no dia 19 de fevereiro tendo por fim no dia 11 de março.
A escassez tem causado sequelas em todas as esferas da cidade, públicas e privadas, como residências, pequeno comércio, escolas e serviços de urgência como hospitais. A técnica de enfermagem Daniele Sobrado, que trabalha na maternidade de um hospital privado em Ponta Grossa, relata alguns problemas que a falta de água provocou.“Os pacientes não podiam tomar banho, porque a água não tinha pressão e não esquentava os chuveiros. Para dar banho nos recém-nascidos foi preciso esquentar água na chaleira elétrica” expõe.
Já no setor comercial, alguns pequenos empreendedores suspenderam suas atividades, o que é o caso de Talita de Almeida, proprietária de salão de beleza na vila Canaã no bairro Contorno. “Nas últimas quatro semanas, nós não pudemos atender três semanas devido à falta de água”. Talita explica ainda que não consegue realizar nenhum procedimento em suas clientes com a falta de água.
Nas instituições de ensino não foi diferente. Escolas municipais e estaduais e universidades tiveram as aulas canceladas, dependendo do bairro por mais de dois dias. A acadêmica do terceiro ano do curso de Direito da UEPG, Maria Eduarda Francisco comenta sua irritação com a situação. “É um estado crítico, deplorável e desumano. Os pontagrossenses precisam de uma explicação cabível, de orientações verídicas e não temer se terão água para beber, cozinhar ou tomar banho”.
Na terça-feira (18), moradores reuniram-se em frente à sede da Sanepar para realizar ato cívico, em protesto ao desabastecimento de água na cidade. Uma das organizadoras e manifestante Raquel Ribeiro afirma que o protesto surtiu efeitos positivos para a cidade. “Conseguimos com que a água voltasse antes mesmo da data prevista. Mas, não deram conta de manter o compromisso”, argumenta.
A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sanepar, via email institucional, para esclarecer dúvidas e ter um posicionamento oficial da empresa, porém não obtivemos resposta até o presente momento de publicação desta matéria.
O que fazer em estado de calamidade pública por falta de água?
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, possui folheto educativo instruindo a forma de como a população deveria agir nesses casos. E aqui vão algumas breves orientações:
1- Guarde previamente 10L de água potável por pessoa;
2- Priorize as atividades essenciais;
3- Proteja as pessoas que têm necessidades específicas como idosos, PcD´s, gestantes, doentes e crianças.
Texto por Juliana Emelly e Ticyane Almeida
Foto por Leonardo Alexandre