Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), há uma estimativa de que entre 30% e 50% dos brasileiros portadores do transtorno tentam suicídio, e, de acordo com associação, 20% dos que tentam alcançam o objetivo. Assim, declara e alerta a presidente da ABTB que de todas as doenças e de todos os transtornos, o bipolar é o que mais causa suicídios. Em âmbito mundial, o transtorno afeta cerca de 140 milhões de pessoas.
A bipolaridade é um transtorno psiquiátrico complexo que se trata da alternância, entre períodos de depressão, de euforia (mania e/ou hipomania) e também de períodos assintomáticos. As crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração. Ou seja, é um distúrbio de humor que afeta o comportamento e atitudes dos pacientes.
Especialistas alegam que existe um risco real de suicídio principalmente nos estados mistos, em que os sintomas de depressão com o de exaltação do humor se misturam. Psicóloga e portadora do transtorno bipolar, Lorna Alves, afirma que por experiência pessoal e como paciente diagnosticada, quando se trata da bipolaridade, a primeira definição que aparece em sua mente é a palavra intensidade. “Tudo é muito vivido, forte e intenso. A forma que vivemos a vida é diferente das outras pessoas. E muitas vezes não é uma escolha nossa.”, diz ela.
A psicóloga compartilha suas decepções e aconselha a partir da sua própria vivência sobre quais relações tratar como prioridade quando se é alguém que lida com este transtorno. “Quando sou intensa, percebo apenas quando já aconteceu. E as pessoas têm dificuldade de entender isso. Apesar de me deixar chateada, temos que lidar com isso, nos aproximar das pessoas que nos compreendem e considerar que aquelas que não são capazes de fazer isso talvez não valha a pena insistir.”
Lorna Alves, se posiciona também como psicóloga e explica que é indicado como algo essencial para aqueles que convivem com alguém que tem transtorno bipolar que seja trabalhada a paciência e empatia, assim como em todos os transtornos. Porém, principalmente sobre o transtorno bipolar, as pessoas precisam saber perdoar. Muitas vezes a pessoa portadora irá agredir alguém próximo ou não, de maneira psicológica e em alguns casos de maneira física, sem ser de propósito ou sem ter consciência disso.
Segundo ela, um dos piores efeitos do transtorno bipolar é a agressividade, é a questão que mais faz o/a bipolar se afastar de sua humanidade e que faz com que as pessoas percam a empatia por ele/a. Então, a psicóloga conclui que tentar entender esse mecanismo presente no distúrbio é o maior ato de amor que uma pessoa pode fazer pelo ente querido. E para os que lidam diariamente com a bipolaridade, um dos maiores atos de amor é validar e dar atenção aos períodos assintomáticos que trazem impactos positivos mas que muitas vezes são ignorados.
Divulgado em suas redes sociais para auxiliar pessoas com este distúrbio de humor, o psiquiatra Renato Silva, especialista em tratar pessoas com transtorno bipolar, desenvolveu o aplicativo para celulares chamado “Estabiliza” que tem como objetivo monitorar o humor do paciente, que é essencial para o tratamento, pois, segundo ele, compreender e analisar o humor fará com que a pessoa bipolar estabilize e tenha uma vida mais tranquila.
Sendo o primeiro aplicativo do Brasil a trabalhar isso, o app também traz um diferencial disponibilizando artigos e vídeos que explicam e trazem curiosidades sobre a bipolaridade e também como lidar com os sintomas, dificuldades e seus impactos. Para realizar a monitoria, o usuário do aplicativo deve fazer registros diários em escala sobre o estado das suas emoções, apetite, concentração, desejos, etc.
A partir disso, o aplicativo monta um gráfico que colabora para que o paciente observe e rastreie a manifestação dos sintomas de mania e/ou depressão.
Informações sobre o aplicativo e sobre o transtorno, siga as contas do instagram dos especialistas entrevistados acima: