TRE-PR implementa política de participação de pessoas com deficiência como mesárias nas eleições

Felipe Collar Berni durante a palestra “Pesquisar-junto de pessoas com deficiência: o exercício de uma cidadania científica anticapacitista e transmetodológica”, realizada na UFMT em 2023.Foto:divulgação do evento

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) tem implementado medidas para promover a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) nas eleições, incentivando-as a atuar como mesárias durante o processo eleitoral. A campanha #SouMesário prevê que as PCDs indiquem sua deficiência ao fazer o cadastro no formulário on-line.

Essa iniciativa visa não apenas garantir a representatividade dessas pessoas em um papel fundamental para a democracia, mas também ampliar sua visibilidade e participação cidadã, conforme estabelece a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).

 

Felipe Collar Berni, doutorando em Ciências da Comunicação, ressalta a importância dessa ação como um marco para a inclusão política das PCDs. Para ele, políticas públicas que promovem a participação ativa desses grupos reafirmam sua presença como eleitores e também desafiam estruturas capacitistas e promovem uma inclusão efetiva na sociedade.

 

Ao permitir que pessoas com deficiência atuem como mesárias, o TRE-PR não só reconhece sua importância como cidadãos plenos como coloca em pauta a necessidade de políticas inclusivas que transcendem a mera participação eleitoral. Segundo Felipe Berni, essa iniciativa não deve ser vista apenas como um gesto simbólico, mas como um passo pedagógico para a política, questionando quantos PCDs são eleitos e quem os representa efetivamente nas esferas de poder.

 

Berni destaca que as principais barreiras enfrentadas pelas PCDs estão relacionadas à visibilidade e à representação diversificada. Ele argumenta que a sociedade muitas vezes infantiliza e limita as pessoas com deficiência a um papel estereotipado ou a uma narrativa de superação individual baseada na meritocracia, não permitindo que elas ocupem espaços decisivos em outros campos além das questões relacionadas à própria deficiência. A verdadeira inclusão, segundo ele, só será alcançada quando a diversidade das deficiências for celebrada e suas vozes múltiplas puderem influenciar e participar ativamente das decisões políticas.

 

Inclusão tecnológica e cidadania

As mídias digitais e novas tecnologias desempenham um papel importante na promoção da inclusão das PCDs, de acordo com Felipe Berni. O pesquisador observa que, historicamente, essas pessoas foram marginalizadas e suas vozes silenciadas. No entanto, com a expansão das redes sociais e outras plataformas digitais, elas têm a oportunidade de projetar suas vozes e imagens de forma mais ampla, influenciando debates públicos, amplificando suas experiências e formando redes de apoio e mobilização.

 

Por Maria Gallinea

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