Três programas de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) publicaram a cartilha “Saúde Mental e COVID-19 no contexto universitário”. A Cartilha reúne orientações aos acadêmicos e agentes universitários sobre as suas reações de sofrimento, algumas possibilidades de autocuidado e os serviços disponíveis para prestar apoio aos mais diversos tipos de dificuldade durante o período da pandemia de Covid-19. A cartilha foi idealizada e produzida pelos programas: UEPG Abraça, Liga Acadêmica de Psiquiatria e Saúde Mental, e Residência Multiprofissional em Saúde Mental (HU-UEPG).
Lara Simone Messias Floriano, enfermeira no Hospital Universitário e coordenadora do programa UEPG Abraça, explica que a ideia de criar a cartilha partiu do entendimento de que a pandemia obrigou as pessoas a se adaptarem, de uma forma ou de outra, e de que processos de adaptação muitas vezes são difíceis. “Nosso objetivo foi auxiliar os alunos a observarem suas reações individuais a esse contexto, identificarem o momento de buscar ajuda e conhecerem todas as possibilidades de ajuda disponíveis”, completa Estela Baldani Pinto, psicóloga do programa UEPG Abraça.
As autoras explicam que com o distanciamento social, muitas pessoas parecem sentir que estão sofrendo sozinhas, sem perceber que as suas dificuldades são parecidas com a dos outros. “Acabam se culpando por não estar bem ou por não ter o mesmo rendimento acadêmico de antes, sem considerar que essa dificuldade é influenciada por todo um contexto sanitário, social e econômico que estamos vivendo”, descreve Lara.
Estela e Lara também destacam que a pandemia afetou a comunidade universitária de diversas maneiras, como as adaptações causadas a partir do Ensino Remoto. “Professores precisaram se reinventar, aprender a utilizar recursos diferentes para garantir a aprendizagem, sentem insegurança quanto ao trabalho que estão realizando e, ainda, precisam enfrentar as dificuldades acarretadas pela pandemia na sua vida particular”, expõe Estelita. “Os acadêmicos também precisam se adaptar à essa nova rotina, precisam ter espaço e equipamento adequado para acompanhar as aulas, precisam aprender de uma maneira diferente, enfrentam a incerteza quanto ao retorno das aulas presenciais, estágios e formaturas”, acrescenta Lara.
As autoras lembram ainda as mudanças socioeconômicas que as famílias estão vivenciando e o seu impacto no cotidiano da Universidade, seja pelo sofrimento provocado nos agentes universitários ou pela dúvida dos acadêmicos em relação ao próprio futuro. “Também existem os agentes universitários e alunos afetados diretamente pela COVID-19 que buscam permanecer na Universidade mesmo diante do adoecimento, da preocupação com familiares ou do luto”, destaca Estelita.
“Acreditamos que a cartilha potencializa reflexões e orientações que já vinham sendo realizadas de maneira individual. Ela pode ajudar as pessoas a refletirem sobre como o contexto da pandemia afeta a sua vida de forma global, se expressando, muitas vezes, na forma de reações fisiológicas ou psicológicas”, fala Lara. As autoras contam que perceberam que as pessoas são capazes de se identificar com as reações psicológicas elencadas na cartilha, em maior ou menor grau. Para elas, essa identificação é bastante interessante, principalmente quando ocorre em eventos ou palestras, já que inicia um diálogo entre as pessoas presentes sobre como foram afetadas pela pandemia.
“Buscamos transmitir a mensagem de que não estar bem em meio a uma pandemia não é doença, é natural, mas isso não significa que esses sentimentos e reações precisam ser ignorados”, expõe Estela. É possível acessar a cartilha clicando aqui. A cartilha é de autoria de Lara Simone Messias Floriano, coordenadora do Programa de Extensão UEPG Abraça, Estela Baldani Pinto, psicóloga do programa UEPG Abraça, Marcos Kockzur Lacerda e Gabriele de Oliveira, assistentes sociais e residentes técnicos da universidade, e pelos acadêmicos de Medicina da UEPG, Hailyn Ribas de Lima, João Pedro Gambetta Polay e Thamires Neves de Campos.
UEPG Abraça presta atendimento durante Ensino Remoto
O Programa de Extensão UEPG Abraça presta apoio psicossocial a toda a comunidade universitária da UEPG. Alunos, servidores, professores, residentes, servidores do Hospital Universitário (HU) e do Hospital Universitário Materno Infantil (HUMAI) podem entrar em contato com o projeto para obter ajuda. “Estão sendo realizados acolhimentos psicológicos por telefone e, a partir de março deste ano, os atendimentos de psicoterapia presenciais retornarão, cumprindo algumas normas de segurança”, destaca Lara Simone Messias Floriano. Para buscar atendimento basta entrar em contato pelo Whatsapp ((42) 99141 8937) ou e-mail (prog.uepgabraca@gmail.com).