Desigualdade social no Brasil é sinônimo de desigualdade racial

Que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, já sabemos. Mas nunca será redundante falar sobre a questão. Ainda mais quando discutir este tema é inevitavelmente falar de desigualdade racial. Sendo assim, é preciso considerar o percentual de negros no Brasil de 54%, segundo dados do IBGE. A taxa de analfabetos no país,  em 2016, foi de 4,2% de brancos e 9,9% de pretos, mais que o dobro. Se tratarmos da classe trabalhadora e exploração no Brasil, inegavelmente é preciso falar de desigualdade racial, uma vez que pesquisa do IBGE relacionada a rendimento de todos os trabalhos demonstrou os seguinte dados: Brancos com rendimento de R$ 2.814, Pardos e Pretos R$1606 e R$ 1570 respectivamente. Sobre o trabalho infantil, entre 5 e 7 anos, os dados demonstraram que Brancos são 35,8%  e Pretos 63,8. A taxa de desocupação no país é de 9,5% de Brancos e 28,1 % de Pretos praticamente o triplo. Estudar os problemas brasileiros é desconstruir o mito da democracia racial fundamentalmente rever a História do Brasil e as atrocidades sofridas pelo povo negro que foi escravizado. Aos que protestam pela existência do dia da consciência negra, eu posso sugerir o dia da consciência do povo branco que carrega o fardo da história pela escravização do povo negro e miséria com que ele foi abandonado a própria sorte pelo Estado, pela ausência  de um projeto político e social pós abolição. Esta visão ilegível, por os que confundem a esfera da vida pública e vida privada. Para FRANCO, 1997 o Estado é visto muitas vezes como “propriedade” do grupo social que o controla, obviamente que os negros estão excluídos deste. O aparelho governamental é parte do sistema de poder da classe dominante, submetido à sua influência. O Estado se configura como um aparelho ideológico utilizado sempre que as circunstâncias o indiquem como meio adequado para manutenção dos  privilégios da classe dominante. O Estado é negado enquanto entidade autônoma e dotada de competência para agir segundo os seus próprios fins que deveria ser uma relação justa e ética de harmonia entre os elementos da sociedade. Porém a imagem de “Estado tutelar” passa a figura mais real de “Estado Instrumento” linearmente entrosando os momentos de busca e repulsa de atividade, como etapas de afirmação do poder do grupo social dominante. Todavia, é inegável que avançamos na conquista de algumas políticas sociais e ações afirmativas, como políticas de quotas nas Universidades, bem como garantia do ensino da história e cultura afro-brasileira e africanas nas escolas dentre outras. Porém, o avanço na existência de uma lei advinda de lutas e reivindicações dos movimentos sociais, não significa necessariamente implementação desta, tão pouco garantia de permanência como política de Estado e não de governo. Um exemplo de falta de  desta situação é a lei 10.639/2003 da obrigatoriedade do ensino das relações étnicoraciais com o objetivo de reverter as práticas racistas na sociedade, bem como educar para uma conscientização da contribuição cultural e econômica do povo negro na consolidação da sociedade brasileira. Porém, podemos perguntar: Qual a mudança curricular ocorridas nos cursos de licenciaturas das Instituições de Ensino Superior que possibilite ao professor as mínimas condições teóricas/práticas para garantir a implementação no cotidiano escolar? Posso garantir que as mudanças curriculares foram insipientes e, em muitos casos, quando ocorreram com cargas horárias reduzidas e como disciplinas optativas. De certa forma, podemos dizer que tem um caráter de resistência da classe dominante que tem a Universidade como um aparelho ideológico consolidado para formação da burguesia em detrimento da classe trabalhadora. Muitas vezes avançamos pequenos passos como um movimento intencional da classe dominante de desarticular e tirar-nos do estado de vigilância. É preciso resistir, é preciso estar vigilante é necessário lutar diuturnamente contra o retrocesso, ainda mais em tempos sombrios na atual conjuntura política do país.  

Por Nilvan Laurindo Sousa

 

Sites consultados: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/21206-ibge-mostra-as-cores-da-desigualdade

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