Entidade oferece suporte aos migrantes e refugiados em PG

Desde janeiro deste ano, o projeto “Novos Rumos”, desenvolvido pela Cáritas Diocesana, empregou oito pessoas que procuram novas oportunidades na cidade

Atualmente, a inserção de migrantes e refugiados no mercado de trabalho em Ponta Grossa é um dos objetivos da atuação do projeto Cáritas Diocesana da cidade. Entre os anos de 2020 e 2021, cerca de 2.200 mil migrantes e refugiados foram atendidos pelo projeto. A maioria dos migrantes e refugiados são da Venezuela e do Haiti, mas também há pessoas da Colômbia e da Síria. Com base nas informações fornecidas pela instituição, cerca de 714 cadastros foram realizados de janeiro até a última semana de novembro deste ano no projeto “Novos Rumos”.

A proposta principal da iniciativa é inserir essas pessoas ao mercado de trabalho. O site foi inaugurado em janeiro de 2021 e Ponta Grossa serviu como piloto para aperfeiçoamento da plataforma, mas o projeto é de abrangência nacional. Na cidade, desde de janeiro deste ano, oito profissionais conseguiram empregos.“O projeto cria um contato entre o migrante ou refugiado, que está em busca de trabalho, com empresas e iniciativas empreendedoras da cidade”, explica Gislaine da Rosa, uma das profissionais do projeto.

Segundo Gislaine, ao se cadastrar, as pessoas encontram informações na plataforma para a elaboração de currículos, aconselhamento e troca de informações entre pessoas que se encontram na mesma situação. As vagas de emprego são variadas, de acordo com Gislaine, há desde oportunidades de atuação em fábricas e atendimento ao público em estabelecimentos comerciais da cidade.

Migrantes

De origem síria, Nagham Alhadi, mora há sete anos no Brasil com passagens em diferentes regiões do país. Por conta da guerra civil que a Síria enfrenta desde 2011, ela não teve outra escolha senão migrar ao Brasil com a família. Nagham revela que chegou a Ponta Grossa através do programa Mais, financiado pela comunidade cristã de Ponta Grossa. O programa atuou no Espírito Santo – local onde Nagham desembarcou após chegar da Síria, mas atualmente possui a sede em Colombo, no Paraná. O Mais leva migrantes e refugiados às cidades em que as igrejas cadastradas atuam para que sejam adotados por famílias brasileiras.

Nagham destaca como foi o tempo de adaptação na cidade, após ela e a família serem acolhidas por membros da igreja. Além do suporte financeiro e com as aulas para entender a língua portuguesa, Nagham também menciona o papel da Cáritas Diocesana para a comunidade que precisa de auxílio. “A autorização da residência nacional de minha mãe e de meus irmãos foi realizada com a ajuda da Cáritas e, sempre que possível, eu indico amigos a participarem dos programas sociais da entidade”, confirma Nagham.

Após se estabilizar em Ponta Grossa, Nagham começou a vender comidas típicas do seu país em parceria com seus pais. Atualmente, ela possui um trailer, localizado no Bairro Ronda, em que trabalha com uma amiga. Além de comercializar comidas, como kibe e shawarma, Nagham está no nono período de Enfermagem. Durante o dia ela estuda e à noite, de terça a domingo, Nagham trabalha em seu próprio negócio. 

Uma outra pessoa que foi contemplada pelo projeto foi Lydia Laktineh. Ela também é refugiada da Síria e veio para o Brasil com a sua mãe, com quem mora em Ponta Grossa por mais de três anos. Ela e a mãe vieram para Ponta Grossa para ficarem próximas da irmã de Lydia, que morava em Imbituva com o marido e com os filhos. Ao chegar na cidade, Lydia recebeu assistência para obter documentos pessoais. 

Atualmente, ela está na fila para conseguir um emprego e sobrevive das doações de pessoas e com auxílios do governo. “A minha dificuldade para encontrar trabalho, além do idioma, já que ainda não me adaptei com o português, é porque eu preciso cuidar o tempo todo de minha mãe, que é idosa”, afirma. Lydia é formada em Literatura Inglesa pela Universidade de Ba In Inglês, localizada em Damasco. Porém, o seu diploma ainda não possui validade no país. “Eu cheguei a dar aula de idiomas no país, fui tradutora, mas infelizmente precisei deixar o cargo devido a saúde da minha mãe”, destaca a migrante.

Projetos

Além do programa “Novos Rumos”, da Cáritas Diocesana, em Ponta Grossa existe o projeto Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos (InterMig), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O projeto visa acolher estudantes que são migrantes e refugiados de outros países, através de atividades e atendimentos individuais, para facilitar o período de adaptação dos alunos. Com base em dados divulgados pelo próprio projeto, quase 50 alunos intercambistas são atendidos.

Além dessas iniciativas, há as parcerias entre instituições públicas-privadas para o atendimento de refugiados e imigrantes. Em Ponta Grossa, as Secretarias Municipais Assistência Social, de Saúde e de Educação criaram uma parceria com a UEPG e com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras entidades para a realização do Comitê Municipal de Migrantes, Refugiados e Apátridas de Ponta Grossa. O primeiro passo do projeto foi organizar um banco de dados, que chegou a mais de 190 migrantes e refugiados cadastrados. O objetivo do comitê, que ainda está na fase inicial, é propor políticas públicas municipais voltadas à proteção de migrantes e refugiados, que residem ou só passam por Ponta Grossa.

Texto: Leriany Barbosa

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