No dia 01 de abril, aconteceu mais uma etapa do evento VI Ciclo Descomemorar Golpes. A palestra “Ensinar História na e sobre a ditadura militar: desafios do passado e presente” aconteceu de forma online e foi transmitida através do canal no Youtube “Formação de Professores (as) e Ensino de História”. Os palestrantes convidados foram a Profa. Dra. Carla Conradi, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), e o Prof. Dr. Carlos Augusto Lima Ferreira, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Eles discutiram sobre as questões que envolvem a formação dos professores e alunos em relação à ditadura
A conferência foi organizada pelo Mestrado Profissional de Ensino de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e pela Associação Nacional dos Professores Universitário de História (ANPUH). O responsável pela mediação foi Prof. Dr. Paulo de Mello, da UEPG.
Carla Conradi começou falando sobre a historiadora Déa Fenelon, que questionou a forma como os professores de História eram ensinados a falar sobre a ditadura após a redemocratização. Segundo Carla, naquele tempo, poucos cursos recorriam à prática da investigação, que aproximava os alunos do contexto social e político. Déa considerou a pesquisa como crucial nas disciplinas de História por entender que é através dela que se constrói o hoje e o futuro.
A professora também comentou sobre a necessidade de pensar um ensino sobre a ditadura militar e as resistências no Paraná. Para ela, é preciso que existam condições de se ter uma história do Paraná que seja acessível ao ensino, e que há diferentes pesquisadores, fontes e referenciais teóricos que constituem esse contexto da memória no estado. “Dentro das universidades, têm evidenciado cada vez mais uma história do quanto a ditadura aqui no Paraná foi conservadora e violenta”, comentou Carla.
Para a pesquisadora, pouco das pesquisas que são produzidas nas universidades chegam até os materiais didáticos das escolas. Ela acredita ainda que há evidências de que existe um policiamento sobre as posturas e condutas de ensino no período da ditadura militar.
A construção de usinas hidrelétricas na ditadura foi um dos assuntos iniciais comentados pelo pesquisador Carlos Ferreira. Ele explicou que o financiamento das usinas afetaram diversos grupos sociais em razão de interesses econômicos e fundiários. A violação dos direitos que esses grupos tiveram não é comentada no ensino ou na mídia. “Isso é um tempo de fratura que a gente não problematiza e não traz para o ensino de História”, abordou o professor.
A glorificação da memória militar também foi um tema mencionado. No tempo da ditadura, o ensino se baseava na adoração do Estado autoritário e na narrativa das figuras dos militares como “heróis nacionais”. Nas pesquisas desenvolvidas, Carlos Ferreira observou que há ausências de análises desse período nos livros didáticos, e que são raros os que problematizam a partir da imagem da construção dessa história imposta.
Por Bruna Sluzala