Cadê as mulheres no jornalismo?

Que as redações estão cada vez mais precarizadas, não há dúvidas. O aumento de horas de trabalho, piso salarial baixo, menos jornalistas e mais atividades sendo realizados, são alguns fatores do reflexo da precarização do trabalho. Esses e mais alguns problemas são enfrentados todos os dias pelos profissionais, mas para as mulheres esse cenário é ainda mais prejudicial. Foram analisados dois jornais de Ponta Grossa para ter um parâmetro de quantas matérias são produzidas por mulheres e quantas são produzidas por homens, assim chegamos à conclusão que há mais materiais assinados por homens do que por mulheres nas redações. Mesmo não sendo uma análise aprofundada, nos dá uma boa base para entendermos a profissão e como é para as mulheres atuar nela.

Os jornais analisados foram Arede e o Diário dos Campos, no período de uma semana, do dia 22 ao dia 28 de outubro. No portal online, Arede, foram analisadas 97 matérias publicadas durante a semana, 46 delas são da redação, sendo as outras 51 matérias distribuídas entre três jornalistas homens que atuam na publicação online de notícias. Um desses três tem seu nome em 30 matérias, o outro em 13 e o terceiro em 8, mas nenhuma mulher jornalista assinou produções. Em contrapartida, dados do Censo de 2010 indicam que as mulheres representam 58% dos jornalistas de 20 a 29 anos e são 64% dos estudantes dos cursos de jornalismo. Então, a pergunta é, cadê as jornalistas? Outra pesquisa realizada pela Abraji e a Gênero e Número sobre “Mulheres no Jornalismo Brasileiro” aponta que 65% das mulheres jornalistas relatam haver mais homens em cargos de poder.

Já, no portal online do jornal Diário dos Campos parece haver um equilíbrio em relação ao gênero na redação, embora tenha um grande número de matérias de assessoria, redação e agências, a distribuição da cobertura de diversos temas, desde política e economia a temas mais factuais da cidade, tem um equilíbrio entre as mulheres e os homens. Das mais de 120 matérias analisadas, elas foram apresentadas três mulheres e dois homens. Uma das jornalistas tendo seu nome em onze matérias, outra em oito e a terceira em seis. Dos dois homens um deles teve seu nome em dez matérias e o outro em cinco.

Tendo em vista essa breve análise, concluímos que o mercado profissional jornalístico apesar de estar em crescente expansão e transformação, na forma como faz e distribui as informações, ainda tem questões em relação a gênero muito fortes e marcantes na profissão. Algumas redações tradicionais, ou marcadas por uma forte precarização e venda de seus espaços, ainda naturalizam atitudes de divisão de trabalho por gênero, ou garantem que homens tenham mais oportunidades que mulheres dentro do trabalho, desconsiderando que as mulheres são um grande número.

Por Rafael Santos

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