Jornalismo oficializa o patriarcado

Que as redações de jornais estão precarizadas, já sabemos! Que a mídia tradicional vem sofrendo com graves imprecisões éticas é visível! Esses problemas são ainda mais marcantes em redações tradicionais regionais, onde em cidades pequenas a reprodução de notícias sem argumentatividade, relevância social e reflexividade estão constantemente nos portais de notícias. O mal uso do espaço das mídias e das plataformas digitais vêm contribuindo para a reprodução de estereótipos e relações de poder, caracterizando um pensamento unilateral e retrógrado.

Analisando durante uma semana a editoria de Política do site do jornal Diário dos Campos se pode notar a ausência de fontes oficiais mulheres. Foram observadas dez matérias na editoria e destas dez, todas trouxeram fontes oficiais homens, não houve nenhuma fonte mulher. Se pegarmos a editoria de Polícia no site e analisarmos a presença de fontes mulheres, como já foi feito em análises anteriores pelo Observatório de Mídia, há uma crescente presença de fontes mulheres. Assim sendo, podemos perceber como as representações do jornalismo podem também contribuir para uma visão patriarcal, em que coloca as mulheres apenas na posição de vítima, em um estado de risco. Quando se trata em dar voz a elas, não por estarem em situação de violência, mas por serem cidadãs, participarem da vida social e, principalmente, da vida política, suas vozes são ignoradas. Embora o poder tanto executivo, quanto legislativo de Ponta Grossa tenha um número muito mínimo de mulheres, o jornalismo não pode deixar de entender seu papel de comunicador, de fomentador do discurso. Dessa maneira, as representações que o jornalismo escolhe, sem ao menos entender os contextos e as complexidades, contribuem para estereótipos, construções sem entendimentos e naturalizações.

Outro aspecto que não podemos ignorar é o espaço perdido do jornalismo pelas assessorias, a publicação de releases também contribuí para a construção de discursos estereotipados. A aceitação dessas matérias sem uma reflexividade, sem um entendimento social prejudica o trabalho do jornalismo e vende um espaço que poderia servir como um espaço de discursos relevantes.

Por Rafael Santos

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