O ‘ciúme’ continua matando e o jornalismo reafirmando

Primeiramente é importante colocar que o Observatório de Gênero tem por finalidade produzir textos semanais sobre as produções jornalísticas em Ponta Grossa. A partir da perspectiva de gênero coloca-se em discussão, principalmente o conteúdo feito pelas mulheres jornalistas, diariamente nas redações. Dessa forma a busca de conteúdo jornalístico na cidade entre os dias 12 e 18 de novembro, teve 35 matérias, em uma análise inicial.

Do total, apenas uma retratou um tema relacionado a gênero. No entanto, a perspectiva e problematização da situação foi mais uma vez deixada de lado. A reportagem em questão foi produzida pelo Paraná Tv no último dia 14. Ao tratar do julgamento de Paulo Leandro Spinardi <http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-2edicao/videos/t/ponta-grossa/v/ja-dura-mais-de-dez-horas-julgamento-de-spinardi-acusado-de-jogar-ex-namorada-de-penhasco/6288964/>, acusado de matar a ex-namorada, em 2015, a reportagem deixa claro a burocracia quando se trata de crimes desse porte.

Contudo, esse é o único ponto de problematização da temática. Em momento algum o termo feminicídio, que já consta na Lei 13.104/2015, é citado pela repórter e observa-se ainda que a apelação a “motivos”  como ‘ciúme’ aparecem para justificar os crimes contra mulheres. Os mesmos são reproduzidos pelos meios de comunicação no vazio da problematização. O Brasil ocupa a infeliz posição de quinto lugar no mundo entre 83 países que mais cometem feminicídio, a taxa brasileira é de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres (http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/feminicidio/). A reafirmação de conceitos e justificativas como esas, contribuem diariamente para a desinformação da população e a naturalização de motivos banais em crimes contra a vida de mulheres.

 

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