“Não ando de tênis, não ando de rasteirinha. Ando de salto, porque o salto é político”, destaca Profa. Dra. Megg Rayara Gomes de Oliveira

Na sexta-feira, 29 de setembro, a professora Dra. Megg Rayara Gomes de Oliveira ministrou a palestra “Preta, bicha e perigosa: corpos que escapam as normas de raça e gênero”, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB Ponta Grossa. Durante a fala, Megg fez uma reflexão a respeito de corpos que saem do padrão da sociedade.

Megg Rayara Gomes de Oliveira é a primeira travesti negra, em todo o Brasil, a conquistar o título de doutora em Educação, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em todas as suas palestras, Megg faz questão e não vê problema em usar um vocabulário incisivo e fora do padrão. “Se eu concordo em não adotar determinados conceitos e determinados posicionamentos, eu vou estar reforçando a exclusão”, argumenta.

Transfobia, LGBTfobia, racismo e quebra de padrões foram os temas mais discutidos pela professora. Megg adverte que é necessário que a educação deixe de ser conservadora e comece a aceitar corpos que saem do padrão do homem, branco e hétero. “Não adianta discutir diversidade e ficar no plano simbólico, tem que discutir diversidade na prática cotidiana”, ressalta.

A professora e pesquisadora comentou, com base em seus estudos, que a travestilidade não é algo contemporâneo e afirmou que a primeira travesti na história do Brasil surgiu em 1591, com a escrava africana Chica Manicongo, que nesse tempo foi denunciada à inquisição por “vestir-se como mulher”. “É preciso que a gente identifique e reconheça esses corpos durante nossa história”, comenta Megg.

Durante a palestra, a pesquisadora falou também sobre como o movimento negro não acompanha o movimento de travestis negras. “É fundamental que o nosso debate seja interseccional, cruzando os vários marcadores constitutivos de uma sociedade”, relata Megg.

O evento contou com a performance da Drag Queen Cindy Cindy. Estiveram presentes também a professora da Unopar e coordenadora do Grupo de Pesquisa Violência, Pobreza e Criminalidade, Elisa Schultz, além da ativista e representante da ONG Renascer, Debora Lee.

Matheus Rolim

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