Mesmo a universidade sendo um espaço para todos ainda existem preconceitos
A lei de cotas de n° 12.711 foi sancionada no Brasil em 2012 e garante uma reserva de 50% das matrículas por curso e turnos. As vagas por cotas são subdivididas entre estudantes de escolas públicas, cotas raciais, cotas para candidatos com deficiência (PCD) e cotas para candidatos indígenas e quilombolas.
Neste ano de 2024 os dados do Censo da Educação Superior apontam que, em 2023, 51% dos alunos cotistas concluíram o curso, enquanto a conclusão entre não cotistas foi de 41%. Mesmo com maior desempenho, alunos cotistas ainda sofrem preconceito dentro da universidade.
Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) as vagas tanto do Vestibular como no Processo Seletivo Seriado (PSS) são distribuídas em 5% para candidatos com deficiência, independente do percurso de formação escolar. 5% para candidatos que se autodeclaram negros, independente do percurso de formação escolar. 10% para candidatos se autodeclarem negros oriundos de Instituições Públicas de Ensino. 40% aos candidatos oriundos de Instituições Públicas de Ensino e de até 40% destinadas a concorrência universal.
A estudante do primeiro ano de direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa, Natalia Dolgan, desabafa que algumas vezes já sentiu um ar de superioridade vindo de alguns colegas. “É como se eu fosse inferior a eles só porque entrei por cota de escola pública, como se eles fossem melhor do que eu”. Natália também conta que sair de uma escola pública e ir para uma Universidade Estadual é se deparar com uma rotina muito mais pesada, “ A cobrança na escola pública é muito menor do que na Universidade, se acostumar com essa nova rotina é um dos problemas que alunos cotistas enfrentam”. Outra dificuldade relatada pela jovem é a comparação com colegas de turma em questão de materiais de estudo e futuro na profissão, “Muitos dos meus colegas vêm de família de advogados, o que faz eu questionar o meu lugar no curso. Fora os materiais de estudos, que a cada semana é um novo livro que tem um valor de custo”.
A acadêmica Alice Bem, estudante do primeiro ano de Comercio Exterior na Universidade Estadual de Ponta Grossa, cotista de escola pública, relata dificuldade em relacionar matérias com o trabalho para conseguir se manter na Universidade. “Algumas das minhas atividades do curso precisam ser elaboradas no período em que estou trabalhando. Eu preciso escolher entre ir mal em uma matéria ou trabalhar para me manter em Ponta Grossa”, desabafa. A estudante é da cidade de Irati e mora em Ponta Grossa para estudar.
As políticas de cotas integram as ações afirmativas, que são instrumentos políticos para reparar e combater discriminações históricas etnico-raciais, de gênero e de classe no acesso à educação, à política e à saúde, por exemplo. A assessora de pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Daniele Martins comentou sobre a necessidade de existirem as cotas dentro da universidade. “Além de abrir portas, as cotas ampliam a visibilidade, o que ajuda a desmistificar preconceitos e ajudam a reduzir as desigualdades socioeconômicas, permitindo que pessoas tenham mais oportunidades de crescimento e participação na sociedade”. A assessora pedagógica destaca que mesmo com o preconceito sofrido pelos os acadêmicos cotistas é necessária a existência das cotas para que haja mais diversidade dentro das universidades, já que a universidade é para todos.
Para acadêmicos cotistas e vestibulandos que pretendem entrar na universidade através de cotas acesse o link para entender melhor sobre a lei de cotas sancionada no ano de 2012 e reformulada pelo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.
https://www.in.gov.br/web/dou/-/lei-n-14.723-de-13-de-novembro-de-2023-522879298
Por: Amanda Grzebielucka e Maria Eduarda Leme