Apesar de avanços, machismo prevalece no futebol

Formada em Educação Física e Mestre em Ciências Sociais pela UEPG comenta sobre o futebol com a perspectiva de gênero

A seleção de futebol feminino dos Estados Unidos conquistou 4 milhões de dólares com a vitória da Copa do Mundo, em julho deste ano. A seleção masculina da França, com a vitória da Copa de 2018, levou para casa cerca de 38 milhões de dólares, uma diferença quase 10 vezes maior do que a da categoria feminina. “Existe uma hegemonia do futebol em comparação a outros esportes, e também existe uma predominância das equipes masculinas em questão de popularidade”, afirma a pesquisadora na área do Futebol Feminino, Marcela Caroline Pereira. Para ela, essa hegemonia tem origem histórica e cultural.


Entre os anos de 1941 à 1979, sobre o contexto do Governo Vargas, o Futebol Feminino, entre outros esportes, foi proibido no Brasil, sobre a justificativa de que não era compatível com a natureza feminina. Para Pereira, mesmo com o fim da proibição, continuou existindo um estereótipo sobre as mulheres que jogam futebol. “Criou-se uma ideia de que o futebol era para homens, as mulheres que jogavam eram associadas a homossexualidade”, expõe.

 

Foto: Veridiane Parize

A pesquisadora explica que atualmente há um círculo vicioso, em que se as pessoas não assistem, a mídia não publica, o esporte não têm patrocínio, o futebol não tem infraestrutura a por isso o público não vai assistir. “O Brasil é conhecido como o “País do Futebol”, mas do Futebol Masculino”, afirma. Segundo Pereira, a transmissão da Copa do Mundo do Futebol Feminino pela Tv aberta possibilita que mais pessoas conheçam a categoria. “O futebol envolve a emoção de torcer, o público acompanha aquilo que conhece”, explica. Dados da Federação Internacional de Futebol (Fifa), mostram que quase 20 milhões de brasileiros assistiram a última partida da Copa de Futebol Feminino.

A partir de 2019, todos os times da série A do Campeonato Brasileiro de Futebol são obrigados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a possuírem um time adulto e categorias de base femininas. Neste ano, o Campeonato Feminino de Futebol A-1, principal liga do esporte no país, conta com 16 times e é transmitido pelo Twitter, em uma parceria com a CBF e pela rede de Tv Bandeirantes.

Por Daniela Valenga

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