Assistente social e o protagonismo na defesa dos direitos humanos

Vice-presidenta do CRESS-PR diz que ações realizadas para unidade do movimento são importantes para fortalecer a luta da/o assistente social

O 7º Congresso Paranaense de Assistentes Sociais (CPAS), realizado em Ponta Grossa de 26 a 28 de setembro, contou com o tema “O Trabalho da/do Assistente Social em Tempos de Retrocesso: Defesa de Direitos e Lutas Emancipatórias”. O tema em questão destaca a relevância que o assistente social exerce na educação, na comunidade e cotidiano, dialogando com a atual conjuntura do país, na qual o profissional está enfrentando uma luta pela defesa de direitos.

“Vivemos um momento em que todas as ações que realizamos na unidade do movimento são importantes para fortalecer a nossa luta, para se encorajar e tentar resistir nesta conjuntura tão terrível que estamos vivendo e com tantos ataques”, destaca a assistente social Elza Maria Campos, da comissão organizadora, científica e vice-presidenta do Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS-PR). Elza acredita que o/a assistente social deve construir uma referência teórica, política e marxista na atuação acadêmica e profissional. “Quando falamos em referência marxista, estamos falando de lutas de classes, defesa dos direitos humanos, direitos sociais, a população negra, população LGBT+, mulheres e periféricos”, aponta.

Deby Eidam é assistente social de um centro de educação infantil em Curitiba e participa da câmara temática de Direitos Humanos do CRESS-PR. Para ela, espaços como congressos preparam, atualizam e fortalecem a categoria de assistentes sociais no enfretamento do atual governo. “O Serviço Social tem uma história de muita luta social e resistência. Esses eventos são importantes para que se forme uma conjuntura nacional que possa alinhar nossa categoria para esses enfrentamentos”, acredita.

A motivação de Deby para ser assistente social “vem de uma linha muito sensível”, comenta. De acordo com ela, os afetos e a indignação com os acontecimentos no país fizeram ela seguir carreira. “Embora eu entenda que a unificação e que o enfrentamento sejam fundamentais, o principal é se afetar com o problema do outro. Alguns chamam de sororidade e empatia, mas particularmente o meu motivador é o afeto e coletividade, é sonhar por uma sociedade que volte às suas origens como povo brasileiro miscigenado e livre”, complementa.

A escolha da sede para ser realizado o congresso se deu através do corpo docente e discente da UEPG e sua atuação a partir dos projetos de extensão. “Os temas que temos trabalhado no curso chamaram a atenção do CRESS-PR e então foi solicitado que nós fizéssemos esta parceria, considerando as temáticas que vem sendo trabalhadas na formação”, destaca Reidy Rolim, coordenadora do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). No Paraná, o congresso regional contou com o apoio da universidade na disponibilização de espaços, professores palestrantes, coordenação de mesa e avaliação de trabalhos. “Então é mais uma parceria do que um apoio”, aponta Reidy.

De acordo com a coordenadora, é importante que a Universidade se preocupe com questões relacionadas aos direitos humanos, se defendendo de ataques e colocando que a universidade é para todos os segmentos. “A pesquisa e a extensão, para além da formação, tem que causar um impacto na sociedade. A extensão permite que a comunidade venha para dentro da universidade. Por isso precisamos defender a universidade pública”, ressalta a professora.

Palestras

De acordo com a vice-presidenta Elza, o Congresso Paranaense de Assistentes Sociais vem com o objetivo de analisar a atual conjuntura que se encontra o país, abordando a política no geral. “Ser realizado na cidade de Ponta Grossa tem um significado incalculável no sentido de ser em uma Universidade Pública, nesta atuação de tantos ataques à educação e retrocessos. As temáticas vão analisar a situação atual e o mundo do trabalho. É um momento de renovação política teórica”, conclui.

A cerimônia de abertura do evento contou com palestras de Marcio Pochmann, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Lucia Cortes da UEPG. Os palestrantes abordaram os avanços e retrocessos da categoria de assistentes sociais no Brasil. “Este é um momento que todo o revolucionário sonha”, acredita Marcio. Segundo ele, momentos de dificuldades e crises são importantes para novas transformações. Lucia Cortes relembrou que a categoria “levantou bandeira” durante a ditadura militar, em 1979, junto aos movimentos sociais. “O serviço engrenado pelo assistente social hoje é o mesmo de 40 anos atrás: enfrentar o conservadorismo. ”, observa.

Matheus Rolim

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