Dados da FENAJ mostram aumento de violência contra jornalistas

Diretora do Sindicato dos Jornalistas do Paraná destaca violência de gênero e raça contra profissionais

 

O relatório Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), mostra que em 2022 foram registrados 376 ataques contra jornalistas, comunicadores e veículos de imprensa, e o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o principal agressor, somando 104 ataques. Do total, 46 foram agressões verbais e ataques virtuais e 49 casos de agressões físicas. A FENAJ faz uma ressalva de que os dados de violência são subnotificados, pois nem todas as ocorrências trazem a identidade de gênero. No relatório consta que a violência contra mulheres jornalistas foi de 80 casos (25%), já contra homens jornalistas foram 222 casos (69,37%) e gênero não identificado 18 casos (5,63%), o restante foi contra veículos.

 

VIOLÊNCIAS ADICIONAIS POR QUESTÕES DE GÊNERO E RAÇA

Embora o boletim demonstre que os homens são as maiores vítimas no meio jornalístico, conforme a diretora do Sindicato de Jornalistas do Paraná, Aline Rios, a coleta dessas informações não é suficiente para essa afirmação, levando em conta que mulheres sofrem violências adicionais que não são pautadas para a realização desses levantamentos. “As mulheres dentro da profissão sofrem violências adicionais. Nenhum homem jornalista sofre uma ameaça de estupro, já as mulheres jornalistas vêm sofrendo violências dessa ordem também”. Para ela, além de sofrer a violência por ser jornalista, as mulheres enfrentam outras situações. “Se considerarmos jornalistas que são pretos e pretas é possível observar formas adicionais dessa violência se apresentar, por isso enfrentamos essas opressões estruturais”, revela.

 

COMISSÃO NACIONAL DE MULHERES

Conforme relata Aline, desde 2017 está em atuação a Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas da FENAJ, que conta com representações de dez estados, incluindo o Paraná. Atualmente, a comissão é integrada por 19 jornalistas que atuam nos sindicatos estaduais. “É um esforço importante para estarmos pautando algumas informações relacionadas a gênero, porque somos atacadas por várias frentes. Então precisamos ter um espaço para discutir determinadas coisas se não a gente não consegue avançar”, observa a jornalista.

 

 CONAJIRA

A Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial atua vinculada à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), mas nem sempre teve esse nome. O movimento foi iniciado no Estado de São Paulo nos anos 2000 com o nome inicial de Comitê Permanente de Jornalistas Negros. Os objetivos iniciais eram combater o racismo no interior do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo e atender demandas específicas. Porém percebeu a complexidade das assimetrias raciais no jornalismo e a necessidade de ampliar as ações e em 2010, foi criada a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (CONAJIRA).

Oito Sindicatos Estaduais, incluindo o Paraná, participam da CONAJIRA. Contudo, ainda é insuficiente, de acordo com a dirigente sindical.  “Ainda não temos uma organização bem estruturada no país todo, então eu diria que a gente vem avançando em passos lentos tendo em vista a realidade que temos no país”, lamenta.

 

A VIOLÊNCIA EM REGIÕES BRASILEIRAS

Em um comparativo entre os anos de 2021 e 2022, é possível notar o aumento de violências por regiões. Em 2021, o Centro-Oeste registrou 169 casos (56,90%), Sudeste 69 casos (23,23%), Norte 16 casos (5,39%), Nordeste 25 casos (8,42%) e Sul 18 casos (6,06%). Já em 2022, o Centro-Oeste teve 98 casos (34,03%), Sudeste 82 casos (28,47%), Norte 38 casos (13,2%), Nordeste 35 casos (12,15%) e Sul 35 casos (12,15%). Das cinco regiões brasileiras, só houve diminuição da violência contra profissionais na região Centro-Oeste.

Por Camila Souza

Fotos e infográfico: Camila Souza

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