Graduada em Jornalismo pela UEPG produz microdocumentário “Mãe que Luta”

Trabalho de conclusão de curso de Anna Cuimachowicz aborda o cotidiano de mães de crianças com patologias graves.

 

A jornalista Anna Cuimachowicz, formada na UEPG em março de 2018 e atualmente mestranda no curso de Pós-Graduação em Jornalismo pela mesma instituição, apresentou como trabalho de conclusão de curso uma série de microdocumentários que retrata o dia-a-dia das mães de crianças com patologias graves, em Ponta Grossa. Anna contou com a orientação do professor doutor Felipe Pontes no desenvolvimento do documentário, que também explora as dificuldades enfrentadas pelas mães e crianças na ausência de políticas públicas no município. O espectador ao assistir a série irá ter contato com perfis de mulheres ativistas, avós acolhedoras, mães que lidam com o luto, entre outras nuances da vida de famílias que encaram o cuidado de crianças com patologias neurológicas graves.

 

Elos: Anna quais são as doenças são retratadas na sua série documental e como se caracteriza o cuidado dessas crianças? São majoritariamente pelas mães, é isso?

 

Anna: A série retrata mães de crianças com patologias neurológicas graves em múltiplas nuances. O ser mãe muitas vezes aparece nos cuidados de uma avó, da mãe militante que luta pelo remédio de seu filho, da mãe que recebe um diagnóstico de vida junto do diagnóstico de seu filho e isso ocorre perante as falhas nas políticas públicas vigentes. As patologias retratadas são: Microcefalia, Crises epilépticas graves, Síndrome de William-Beuren, paralisia cerebral e Síndrome de Michels.

 

Elos: Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas famílias no contato com o poder público? Na sua visão o que deve ser melhorado neste âmbito em Ponta Grossa?

 

Anna: Em muitos casos as mães se organizam e se reestruturam a partir de grupos de apoio criados por iniciativa própria, como é o caso da Associação de Mãe de Menores Especiais- AMME. Não existem grupos de apoio estruturados pelo Estado, então lá elas buscam informação e criam redes de apoio. Em uma pesquisa de recepção realizada para o Trabalho de Conclusão de Curso verifica-se como uma das principais demandas destas mães questões de acessibilidade. Muitas das crianças fazem uso de cadeira de rodas e as mães dizem que para além da dificuldade de transitar pela cidade o transporte público também é uma imensa barreira de acesso. Além disso, questões como educação e acesso à saúde constituem grande parte da dificuldade da vida destas mães. As mulheres retratadas são fortes e já estão em luta por seus direitos. Não é um caso onde uma minoria tem de se fazer ouvida, isso já é a vida delas, essas políticas públicas têm de emergir de uma empatia coletiva pela luta dos outros.

 

Elos: Como jornalista, como é produzir um trabalho que envolve tantos dramas humanos? Seus estudos no Mestrado dão continuidade ao trabalho que começou na graduação?

 

Anna: É muito difícil retratar a dor dos outros, muita leitura foi feita diante deste aspecto ético, mas essas situações são constantemente colocadas frente ao ator jornalista e suas subjetividades e lidar com elas ultrapassa leituras. Mas o jornalismo pode ser a serviço de diversos agentes sociais, trazer visibilidade para os mais variados temas. Criam-se noções de visibilidade e auto representação discursivas quando se altera o foco para atores constantemente marginalizados. Visualizar tudo isso fez com que eu me apaixonasse pela temática como área de pesquisa. Atualmente no mestrado eu investigo as articulações sociais realizadas entre mídia e receptor e a manutenção de discursos e valores apoiados em um background histórico; a mídia atua construindo as percepções e moldando o imaginário social – e assim eu investigo como se dá o discurso jornalístico a respeito da maternidade em Ponta Grossa.

Por Ligia Tesser.

Veja toda a série documental:

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=NKog_kfTjLU[/embedyt]

LEIA TAMBÉM

COMENTÁRIOS

Deixe uma resposta