Luta dos professores marca manifestação após oito anos do massacre

 

As marcas do dia 29 de abril ainda permanecem na memória dos educadores

Para relembrar o massacre de 2015 e pedir paz nas escolas devido às ameaças de ataques, professores da rede pública de ensino realizaram um ato, no último dia 29 de abril

“Minha pele parecia estar derretendo devido ao gás que soltaram. Quando lavei o rosto e vi que ele estava inteiro, me acalmei, mas ardia muito”. Esse é o relato da professora Verônica Castro, lembrando como foi estar no massacre do dia 29 de abril de 2015, contra professores da rede estadual do Paraná.

Para relembrar o massacre de 2015 e pedir paz nas escolas devido às ameaças de ataques, professores da rede pública de ensino realizaram um ato, no último dia 29 de abril. Em Ponta Grossa, a concentração foi em frente ao terminal central da cidade. Além do pedido de paz e de rememorar o que ocorreu há oito anos, foram reivindicadas outras pautas como a revogação do novo ensino médio, reajuste salarial e a rejeição da presença policial no ambiente escolar.

A professora e integrante da diretoria da APP-Sindicato do Núcleo de Ponta Grossa, Rosângela de Anhaia, ressalta que o movimento é pela paz. “Não é com a polícia e nem com armas que vamos resolver esse problema. Estamos em um momento de desarmamento. Tem que haver diálogo e formação, precisamos instruir a juventude”.

Foram reivindicadas outras pautas como a revogação do novo ensino médio, reajuste salarial e a rejeição da presença policial no ambiente escolar.

Rosângela explica que a formação é o alinhamento e o trabalho com a juventude por meio de movimentos sindicais para chamá-los para a luta e que ela pode ser feita por parcerias com a Universidade, as escolas, disciplinas de Filosofia e Sociologia e entidades sindicais.

Em relação à reforma do Ensino Médio, o Sindicato se demonstrou contrário. Rosângela diz que as escolas públicas não têm estrutura para manter esse tipo de ensino. “Não é um Ensino Médio para as escolas públicas e para os filhos dos trabalhadores. É para a escola privada e para a elite”. 

A professora Verônica Castro concorda com Rosângela e ressalta que o novo modelo de Ensino Médio não é capaz de fornecer a preparação necessária para os alunos. “O novo Ensino Médio não prepara nosso aluno para nada. É fora da realidade das nossas escolas públicas. Nós esperamos que haja uma discussão com todos os setores envolvidos para repensar, analisar e rever [essa reforma]”, frisa.

Mais um ponto exposto na manifestação foi a reposição salarial para os servidores públicos. Verônica Castro relata que os salários não aumentaram e o governo atual promete pagamento de data base em agosto. Ela também destaca que os professores estão trabalhando mais, sendo mais cobrados e sem conseguir formar os alunos como antes. “Essa “plataformização” está acabando com os professores que estão cansados e com os alunos que estão se sentindo impotentes”.

Por: Júlia Andrade e Maria Thereza de Mello

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