Movimento estudantil do curso de Jornalismo completa 20 anos

Manifestação realizada na primeira década dos anos 2000 trouxe a luta e a resistência do curso de Jornalismo da UEPG

 

Um grupo de acadêmicos e professores do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) iniciou, em 2004, um movimento que ficou conhecido como Movimento 02 de Março, e que, na época, transcorreu pelo período de pouco mais de um mês. 

Naquele momento, foram realizadas atividades como passeatas, apitaços, aulas ao ar livre, elaboração de faixas e cartazes com slogans e palavras de ordem, palestras, apresentações culturais e o acampamento Emiliano Zapatta, na praça Santos Andrade. Outros cursos da UEPG também aderiram às manifestações. 

 O Movimento lutou contra o descaso da gestão do ex-governador Roberto Requião com a educação. O ano letivo das universidades paranaenses, em 2004, estava ameaçado pela redução drástica da quantidade de professores nas universidades. Algumas das reivindicações feitas eram:

  1. Concurso público para docentes. 
  2. Contratação de novos educadores.
  3. O não fechamento de cursos.
  4. Criação de laboratórios de redação.
  5. Reestruturação do laboratório de telejornalismo.
  6. Garantia de espaço físico para o Centro Acadêmico e representação estudantil.

 Durante o V Ciclo Descomemorar Golpes, que aconteceu de 18 a 22 de março deste ano, o jornalista e servidor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu, Luciano Dutra Miguel, esteve no Grande Auditório da UEPG para relembrar o Movimento 02 de Março. “O que vivemos em 2004 ainda não acabou. Percebo o engajamento que se dá por meio dos docentes, técnicos e discentes que são uma grande força. Vejo com bons olhos que hoje há uma preocupação da juventude para com esse cenário que se desenha em que, muitas vezes, não é o mais propício para o pensamento crítico”, relembrou.

 O jornalista também destacou que o desmonte da educação superior, além da não contratação de professores efetivos, se dá pelo sucateamento do corpo técnico-administrativo. “É importante que toda universidade pública tenha estrutura e que haja uma preocupação com a manutenção da qualidade da educação superior”. 

 A luta em defesa da Universidade pública e de qualidade parece ser um “novo-velho” problema. De acordo com dados apresentados pelo professor do curso de Jornalismo, Felipe Simão Pontes, em 2004, a UEPG tinha 635 professores efetivos. Em 2024, são 644. Já são oito anos sem concurso público para professores na instituição. O último concurso público para docentes, autorizado pelo Estado, foi em 2016. 

 

A Resistência Começa em Março – 2 de Março de 2004

 Lançado em agosto de 2004, o videodocumentário A Resistência Começa em Março – 2 de Março de 2004, dirigido e roteirizado por Rodrigo Czekalski, egresso do curso de Jornalismo da UEPG, mostra a luta de professores e acadêmicos contra o descaso do ex-governador Requião com a educação superior.

Por Gabriela Oliveira

LEIA TAMBÉM

COMENTÁRIOS

Deixe uma resposta