Exemplo de sustentabilidade, a comunidade abriga cerca de seis mil pessoas
A comunidade localizada em Campo Magro, região metropolitana de Curitiba, teve início em maio de 2020, quando 400 famílias sentiram dificuldades de se manter no período de pandemia e então ocuparam um terreno da prefeitura que estava abandonado há mais de uma década. Em 2025, Nova Esperança conta aproximadamente com mil e duzentas famílias, cerca de seis mil pessoas, sendo 30% imigrantes vindos do Haiti, Venezuela e Cuba.
Após cinco anos de existência, atualmente a comunidade não está recebendo mais famílias. O líder do Movimento Popular por Moradia (MPM), Julian Pol, explica o porquê. “Respeitamos os limites ambientais e a segurança dos moradores. Não vamos colocar os moradores onde há risco de desmoronamento, queremos proporcionar uma vida digna a essa população”.
Julian também relata como a comunidade se organiza. “É uma área muito grande com um número significativo de moradores, por isso a Nova Esperança é organizada em 12 setores, cada um conta com um líder, que irá repassar as demandas desses moradores às coordenações e se organizar na luta por melhorias”, observa.
A ocupação é exemplo de preservação ambiental, com regras que priorizam o meio ambiente e instalações de fossas ecológicas feitas a partir de árvores de bananeiras nas residências. O coordenador geral da comunidade, Rodrigo José da Silva, descreve a preocupação com a sustentabilidade. “Os moradores não podem queimar lixo, se precisarem colocar fogo em alguma coisinha precisa ser dentro de um tambor e em um horário específico. Não podem cortar árvores devido à preservação ambiental e em todas as moradias existe uma fossa ecológica que a UFPR nos ajudou na construção”, explica. José acrescenta que a conscientização maior não vem das regras e sim dos próprios moradores, que priorizam cuidar daquilo que é deles.
Além da questão ambiental, a comunidade conta com espaços coletivos que incentivam a convivência e o desenvolvimento dos moradores, como um barracão destinado a práticas esportivas e aulas de artes marciais para todas as idades, uma cozinha comunitária, além de uma biblioteca e salas de aula para atividades com as crianças, cursos e reuniões.
Texto por Amanda Grzebielucka e Maria Eduarda Leme