Ponta Grossa elegeu apenas três mulheres para a câmara de vereadores

15,7%  das cadeiras da câmara de vereadores serão ocupadas por mulheres

O segundo turno das eleições municipais de 2024 pela prefeitura foi marcado pela disputa entre duas mulheres, as mesmas que disputaram o segundo turno há quatro anos. Apesar disso, apenas três, das dezenove cadeiras da câmara de vereadores, serão ocupadas por mulheres. Teka dos animais (União) e Enfermeira Marisleidy (PMB) ocupam o cargo pela primeira vez. Enquanto Joce Canto (PP) foi reeleita e assumirá seu segundo mandato. 

As mulheres representam 53% do eleitorado ponta-grossense, mas este índice não reflete na política do município. A socióloga e pesquisadora em política paranaense, Natalia Cristina Granato, explica que a desigualdade feminina na política brasileira possui fatores históricos, visto que só em 1932 as mulheres conquistaram o direito ao voto. “São variados os fatores que contribuem para o baixo número de mulheres na política, dentre os quais, a cultura machista que reserva às mulheres o espaço privado e doméstico, a falta de investimento nas candidaturas, além da violência política de gênero”.

 A atuação das mulheres na política de Ponta Grossa teve início em 1951, quando Cândida Mendes Braz ocupou um lugar na Câmara Municipal. Após o seu mandato, somente 41 anos depois, nas eleições de 1992, obteve-se representação feminina novamente, com a vitória de duas mulheres. Este número se repetiu nas eleições legislativas municipais posteriores, até 2016, ocasião na qual apenas uma mulher se elegeu vereadora. Em 2020, três mulheres se elegeram, número que se manteve nas eleições deste ano. De acordo com Natalia, a falta de representatividade feminina na câmara reflete, também, na falta de políticas públicas para mulheres. “Muitos analistas apontam que o sistema político brasileiro é feito por homens e para homens, e isto reflete também na Câmara de Ponta Grossa”. A socióloga afirma que o olhar das mulheres faz a diferença na formulação de políticas públicas e combate às desigualdades e à violência contra a mulher. 

A Lei no 9.504/1997 estabelece que “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”, ou seja, cada partido precisa de no mínimo 30% de candidaturas do sexo feminino, porém a porcentagem de candidaturas não reflete a quantidade de mulheres eleitas. 

As estudantes de jornalismo, Ester Roloff e Juliana Goltz, realizaram uma enquete anônima sobre a participação feminina na política na segunda-feira (28), após o segundo turno das eleições em Ponta Grossa para sondar como as eleitoras percebem a participação das mulheres na política local e a proposição de políticas públicas para mulheres. A enquete foi realizada em dois pontos na região central da cidade com grande circulação de pessoas, no calçadão e no terminal de ônibus, durante o período da tarde, e foram obtidas 31 respostas. A maioria das mulheres abordadas preferiu não participar da enquete.

 

Por Natalia Almeida, Pietra Gasparini e Amanda Grzebielucka

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