Presença feminina na linha de frente, contingente não reconhecido

As mulheres representam cerca de 70% de todos os profissionais de saúde que atuam na linha de frente de combate à crise do novo coronavírus, de acordo com o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Gueterres. Além disso, configuram um contingente expressivo no desenvolvimento de pesquisas da área, como a infectologista carioca, Sue Ann Costa Clemens, que foi a principal pesquisadora a trazer os estudos da vacina britânica AstraZeneca. A realização dos estudos da vacina no Brasil facilitou e acelerou nosso acesso ao imunizante, o qual passou a ser aplicado nos brasileiros em janeiro de 2021.

Contudo, o enfrentamento à Covid alterou a rotina de trabalho destas mulheres exigindo mais cuidados somado ao estresse de uma pandemia, prejudicando a qualidade de vida. A médica intensivista do Hospital Regional de Ponta Grossa, Maria Cristina Guarienti, relata que a nova rotina não é apenas cansativa, mas também demanda tempo “ Quando terminamos um turno de plantão precisamos tomar banho antes de sair da unidade, ao chegar em casa colocamos toda a roupa para lavar mesmo não tendo entrado com a roupa efetivamente na unidade e novamente tomamos banho para correr o mínimo risco possível de trazer o coronavírus para casa ”, destaca.

Muitas dessas trabalhadoras ao retornar para casa têm a dupla jornada materna, chegando à exaustão física e psicológica no momento em que vivemos. Ao sair para trabalhar na linha de frente, as mães muitas vezes precisam deixar seus filhos sozinhos em casa, e ao retornar tem o perigo de contaminar sua família com o vírus. As mulheres ocupam um número muito expressivo na enfermagem, sendo 85% do total de profissionais, de acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Na medicina esse número também é alto, 46% do total, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Mais dados sobre mulheres na linha de frente afetadas pela pandemia podem ser acessados no site do IPEA

 

Imagem: Reprodução do Instagram da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)      

Por Bettina Guarienti

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