Vivendo Longe de Casa: projeto aborda narrativas de imigrantes no Brasil e na Austrália

 

O website hospeda reportagens multimídia com histórias individuais e vivências nos processos migratórios

 

Imigrar é o ato de sair do seu país em busca de algo. A procura de um lugar que ofereça proteção, melhor qualidade de vida e oportunidades são, geralmente, os principais motivos para a migração. O Vivendo Longe de Casa: um site com reportagens multimídias, que apresenta as diferentes vertentes da imigração, é o trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Ane Rafaely Rebelato. O projeto nasceu da sua paixão por viagens e de uma em especial para a Austrália, quando visitou seu pai. Com a preocupação em evitar a superficialidade, Ane produziu um material em audiovisual, com entrevistas que realizou durante essa viagem, e criou um website.

Para a produção de seu trabalho, a jornalista recém-formada reuniu seis reportagens com imigrantes no Brasil e na Austrália. Para Ane, nem toda imigração se faz porque o indivíduo se vê cercado por dificuldades no país de origem, mas sim, pela razão de que o futuro em um novo lar pode ser mais promissor na sua jornada de vida: “A imigração surge como uma consequência positiva às relações mundiais”, aponta. Os relatos registrados no site Vivendo Longe de Casa possuem como objetivo a transmissão em conteúdo multimídia das histórias de imigrantes em seus perfis individuais, partindo da premissa que todos possuem suas próprias jornadas dentro do processo migratório.

Um dos principais pontos discutidos ao longo do trabalho é como aconteceu o processo de adaptação em cada país pela visão dos entrevistados. “Eu fiz questão do nome ser Vivendo Longe de Casa, porque para algumas pessoas virou a casa nova, enquanto para outros não”, explica. 

A história da nigeriana Jane revela, de modo claro, os preconceitos existentes com imigrantes no Brasil. Sendo reconhecido como um país receptível, ainda existem muitos casos de xenofobia principalmente com aqueles e aquelas que não vem da Europa ou Estados Unidos, por exemplo. Grande parte desse problema é baseado em uma questão cultural de competição, visto que esses novos moradores são taxados como “ladrões de oportunidades”, mas, se não fossem por eles, muitos desses espaços não seriam ocupados. “Seria desanimador, do ponto de vista de um imigrante, não ter uma boa recepção e sofrer preconceito, ou ainda ser visto como uma ameaça”, aponta a jornalista.

Ane afirma que quando iniciou os planos para o projeto de trabalho de conclusão de curso a ideia era fazer um documentário sobre brasileiros que vivem na Austrália, mas tinha o medo de se manter na superficialidade da narrativa clichê de “amor a viagens”.  “Era um plano arriscado, eu tinha medo que ninguém fosse me responder, ou pior, que meu trabalho resultasse em um produto superficial com entrevistas rasas”. Durante a sua visita à Austrália, a jornalista não era fluente em inglês, havia levado apenas o seu celular para gravar o conteúdo e não possuía um roteiro, o que dificultou a produção do que seria o seu documentário. 

Entretanto, a jornalista conseguiu captar um material rico o suficiente para que o seu professor orientador, Vinicius Jose Biazotti, sugerisse que o projeto fosse adaptado para a criação de um website multimídia sobre imigrantes no Brasil e na Austrália, trabalhando a convergência midiática entre textos, imagens e vídeos, “a tendência é que os produtos jornalísticos se moldem para que o conteúdo multimídia esteja cada vez mais presente nas plataformas online, pois dá maior liberdade ao jornalista”, finaliza Ane. 

Em Ponta Grossa, a Cáritas Diocesana é uma entidade sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento social solidário e a defesa dos direitos humanos, através do acolhimento de imigrantes. A organização católica auxilia no preenchimento de formulários, colabora com o pagamento de traduções juramentadas, solicita autorização de residência ou refúgio e responde dúvidas sobre a documentação e a regulamentação da permanência no Brasil.

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